5 principais materiais e as soluções acústicas usadas para edifícios

Ao se pensar em soluções acústicas em edificações e os materiais utilizados para este fim, devemos recordar quem é a grande responsável por tudo isso. A definição dos níveis de desempenho dos sistemas construtivos em relação a atenuação da transmissão de ruído nas edificações habitacionais se deve a Norma ABNT NBR 15575. Sua criação e aplicação fez com que fabricantes de materiais acústicos fossem estimulados a desenvolver seus produtos por intermédio de pesquisas de qualidade e ensaios técnicos. Assim como, apresentar o desempenho de seus sistemas para que projetistas pudessem incorporá-los em seus projetos. Inclusive informamos desde já que foi publicada em 14/09/21 pelo ABNT/CB-002 Construção Civil, a emenda 2021 referente à parte acústica da ABNT NBR 15575 Edificações Habitacionais – Desempenho Parte 1-3-4-5-6. Vamos agora entender um pouco mais sobre as principais soluções e materiais acústicos utilizados nas edificações.

1) Soluções acústicas para piso

Para atenuar os problemáticos ruídos de impacto nas edificações e garantir o bem estar e a boa convivência com o vizinho, sistemas de contrapiso flutuante são as soluções mais indicadas. Para incorporar este composto de materiais e estrutura, temos como uma das principais e mais adequadas sequências de instalação, de baixo para cima: laje, manta acústica, contrapiso e o acabamento do piso propriamente dito, como segue a figura abaixo.

A manta acústica é o material resiliente que compõe este sistema, funcionando como um amortecedor das vibrações causadas pelo impacto incidente nas estruturas rígidas (piso + contrapiso) que estão sobre ela. São materiais leves e com alta capacidade de absorção de ondas sonoras. Sua função amortecedora está relacionada diretamente a sua composição, ou seja, ao material de que é composta, podendo ser estes: grânulos de pneus reciclados aglomerados com poliuretano ou polietileno expandido, por exemplo.

Para soluções mais arrojadas de isolamento acústicos no contrapiso flutuante, combinações de mantas também podem ser feitas. Por exemplo, pode-se configurar um arranjo de mantas da seguinte forma: borracha + polietileno + borracha. Essa é uma das indicações sugeridas pelo Professor Lineu Passeri no curso Salas de Espetáculo e Igrejas oferecidos pelo Portal Acústica. Para mais detalhes, clique aqui!

Uma observação de extrema importância na instalação das mantas acústicas em sistemas de contrapiso flutuantes é que estas devem ser dobradas nas bordas, formando um “L”. Dessa forma evita-se que o contrapiso toque as paredes da edificação. Outro ponto que deve ser observado é na colocação do rodapé, este não pode estar em contato com o contrapiso pois esse contato permitiria as não desejadas transmissões de ruído para as paredes e demais estruturas da edificação. Tomando esses cuidados, evita-se que a vibração causada por algum impacto incomode os vizinhos. Os detalhes construtivos podem ser verificados na figura abaixo. 

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2) Soluções acústicas para paredes

O ruído aéreo também é um grande problema nas edificações. Do lado de fora do prédio podemos nos deparar com diversos tipos de ruído, proveniente de tráfego urbano e aéreo, assim como bares e restaurantes, por exemplo. Já do lado de dentro temos barulhos de vizinhos, animais domésticos ou mesmo ruídos advindos de instalações prediais como: piscina, quadras esportivas, salões de festa, etc.

Para conter esse tipo de incômodo sonoro, uma edificação deve contar com um sistema eficiente de vedações verticais nas suas fachadas e nas divisórias entre cômodos. Assim como esquadrias adequadas para cada tipo de caso. 

É importante lembrar também que independente do tipo de morfologia que se vai empregar para a construção da divisória, para garantir um bom isolamento de cômodos deve-se ter o cuidado com as frestas e os buracos. A presença destes pode comprometer todo um investimento feito na solução acústica.

Agora vamos falar um pouco sobre as paredes de alvenaria e sobre os sistemas drywall. 

• Leia também o artigo “Materiais para drywall em edificações habitacionais” aqui!

As paredes de alvenaria, comumente feitas de tijolos de cerâmica ou concreto, são o sistema construtivo mais utilizado no Brasil. Seu desempenho acústico está relacionado fundamentalmente a sua densidade superficial e obviamente a ausência de fendas nas mesmas. Um fator que pode comprometer o isolamento acústico de fachadas de alvenaria é a instalação inadequada de esquadrias ou mesmo a utilização de esquadrias de baixa qualidade. É importante lembrar que o conhecimento especializado para a construção dessas paredes tende a garantir maior sucesso no desempenho acústico requerido. Algumas desvantagens para este sistema é que são pesados, não são sustentáveis do ponto de vista ecológico em sua grande maioria e costumam ser mais trabalhosos para reformas. 

As paredes feitas com o sistema drywall tem seu desempenho acústico dependente da sua composição, ou seja, o número de placas utilizadas, a espessura  e o tipo de material absorvente, assim como, a colocação de banda acústica perimétrica. Essas paredes podem ter arranjos mais simples até arranjos mais robustos e específicos – dependendo da necessidade do cliente, do tipo do cômodo em si e de requisitos legais ou técnicos. Por exemplo, sistemas que exigem grande resistência ao fogo podem ser requeridos pelo corpo de bombeiros, sendo que o principal parâmetro é chamado de TRRF (5). Por fim, o sistema drywall, diferentemente das alvenarias, tem como característica a leveza de sua estrutura e uma instalação fácil e rápida. Em termos de desempenho acústico podem ser tão bons quanto a alvenaria ou melhor. É importante então que as construtoras busquem o auxílio de especialistas para que se selecione o sistema de menor custo e que atenda o requisito de desempenho almejado de acordo com o padrão da edificação.

3) Esquadrias

No tópico anterior vimos sobre o ruído aéreo e os tipos de paredes mais comuns nas edificações assim como as soluções acústicas para tais sistemas. Agora, vamos entender um pouco mais sobre as janelas e suas implicações acústicas no isolamento aéreo do som. 

Ao tratarmos das fachadas das edificações que possuem esquadrias, temos que ter em mente que para garantir um desempenho acústico mínimo de isolamento, exigido pela NBR 15.575, é necessário estar atento a muitos detalhes. Por se tratarem de um componente instalável, após a elevação da parede, e contendo vários elementos construtivos em sua composição como: vidro, ferragens e sistema de fechamento e vedação, as janelas tornam-se um alvo perfeito para comprometer acusticamente um empreendimento.

Neste sentido, faz-se necessário um estudo muito cuidadoso para o emprego das esquadrias nas fachadas, sendo fundamental: a análise da classe de ruído local e o nível de desempenho acústico correspondente, a escolha das esquadrias com os seus respectivos ensaios acústicos e, por fim, mão de obra qualificada para a instalação destas. Assim como fiscalização e ensaio por amostragem aleatória a fim de verificar o atendimento ao requisito de desempenho esperado.

Janelas acústicas são ótimas soluções para a composição das esquadrias de uma edificação. Para saber mais sobre estas, baixe nosso e-book: Guia de janelas acústicas para fachadas residenciais.

4) Soluções para forros

Quando falamos de condicionamento acústico, os forros acústicos são ótimas alternativas para propiciar conforto sonoro ao ambiente sem perder a beleza que um projeto arquitetônico exige. Atualmente contamos com diversas marcas, materiais e sistemas para compor um forro acústico, muitos deles apresentando soluções seguras, como resistência ao fogo e também sustentáveis.

Um fato muito interessante e fundamental ao se falar de forros acústicos é que eles contribuem de forma expressiva sobre o condicionamento acústico no ambiente, mas NÃO são boas soluções para quem busca isolamento sonoro. Para sistemas de isolação entre lajes por ruído de impacto, a solução mais indicada são os sistemas de pisos flutuantes.

Outra curiosidade de extrema importância ao se trabalhar com forros e paredes de drywall entre cômodos é que as paredes devem ser construídas até a laje, evitando assim que o som se propague pelo vão superior que divide os cômodos. O fenômeno da transmissão sonora indesejada é ilustrado na figura abaixo.

5) Soluções de revestimento

Os revestimentos acústicos, assim como os forros que acabamos de ver, são as soluções mais utilizadas para proporcionar um melhor conforto acústico no ambiente. Para garantir um condicionamento sonoro adequado para o local que está sendo projetado, absorvedores e difusores são os dispositivos mais utilizados para tal. Agora, vamos entender um pouco mais sobre qual a função destes materiais e algumas de suas características.

Para os componentes absorcivos, podemos encontrar materiais com morfologia de microestrutura fibrosa ou celular. O principal mecanismo destes consiste em transformar a energia acústica incidente no material, em energia térmica.

Materiais acústicos celulares mais comuns: Espuma de melamina; 

Materiais acústicos fibrosos mais comuns: Lãs de rocha, vidro e PET.

Essas soluções são muito utilizadas em ambientes de grande porte, que exigem mais absorção sonora por conta do seu volume interno, como: cerimoniais, teatros, auditórios e cinemas, por exemplo. Também podemos encontrar estes sistemas em ambientes que a inteligibilidade da fala é primordial para o empreendimento como: salas de aula e salas de reuniões ou ainda em ambientes que necessitam um tempo de reverberação bem específico, como estúdios de mixagem e masterização.

Já os materiais difusores possuem uma outra função para o condicionamento do ambiente. Sua função é “espalhar” o som que incidirá em suas superfícies, gerando um campo sonoro difuso no recinto. Este espalhamento se deve ao seu formato que pode ser desde uma superfície angulada até uma superfície completamente irregular.

Estes materiais são comumente utilizados em estúdios de gravação e de rádio e Tv.

Como vimos, existe uma grande diversidade de soluções acústicas e materiais para tornar o seu projeto moderno e condizente com os padrões atuais de isolamento e condicionamento acústico.

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