Acústica para teatros: quando o som faz parte do espetáculo
Casas de espetáculo pedem um especialista em acústica para que experiência do público seja a melhor possível
Imagine-se assistindo a uma peça teatral com elenco e enredo aclamados pela crítica. Você vê os atores e as atrizes com belíssimo figurino, emocionando-se e exprimindo todo seu talento… mas não ouve nada do que dizem. Quando logo percebe que a acústica do teatro é ruim, sua experiência e a de todo o público já estão arruinadas.
Por mais que uma obra una produção, direção e elenco talentosos, não há performance artística que resista a um palco com acústica deficiente. Existe um projeto acústico distinto para cada tipo de ambiente, traçado de acordo com as necessidades específicas vislumbradas para o local – e casas de espetáculos certamente possuem suas próprias particularidades.
Para os profissionais que trabalham ou que desejam trabalhar com acústica para teatros, portanto, não há outro caminho senão o de buscar capacitação e se tornar um especialista no assunto. Mas não se assuste: fórmulas complexas e softwares caros não são necessários. Você só precisa de lápis, esquadros, escala e uma calculadora.
Acústica Musical
A acústica faz parte da física e estuda especificamente o som – ondas mecânicas de frequência variável propagando-se pelo ambiente e nos causando sensação auditiva. A própria engenharia acústica é dividida em diferentes especialidades, cada uma voltada a solucionar os problemas de sua área de estudo; a Acústica Musical é uma delas.
Procurado por institutos, universidades, produtoras e fabricantes de instrumentos musicais e de equipamentos de áudio, o perito em Acústica Musical geralmente tem forte formação em física somada a conhecimentos sobre psicoacústica e o funcionamento dos instrumentos musicais. Assim, ele é capaz de criar projetos de acústica para teatros, salas de concerto e centros artísticos multiuso.
E não é só: um especialista em Acústica Musical também pode aprender a projetar estúdios de ensaio e de gravação para televisão ou rádio e ainda fazer o design de caixas de som e de alto-falantes. Raros no Brasil, os peritos em acústica são, justamente por isso, altamente requisitados pelas empresas do ramo.
Acústica para teatro: o que deve ser levado em consideração em um projeto?
Ainda que possua uma bela estrutura e um surpreendente design, um projeto arquitetônico teatral (assim como qualquer outro espaço) não pode deixar de lado o fator acústico. Entre outras coisas, o ambiente deve ser capaz de propagar o som de forma clara e inteligível – a má impressão deixada por uma acústica pobre é enorme.
Você já deve ter ouvido falar que as grandes igrejas e teatros da antiguidade possuíam uma acústica perfeita e eram capazes de reverberar o som sem causar ecos – mesmo a céu aberto. Reverberação é a forma como o som se propaga; parâmetro acústico que qualifica um ambiente segundo sua finalidade, o tempo de reverberação é o tempo que o som permanece no ambiente depois que sua fonte cessa a emissão – e é diferente do eco, ressalte-se.
O som reverberante permanece porque é refletido nas paredes, tetos e demais objetos, deixando o local mais vivo e vibrante. Em um teatro, local pensado para a apreciação de performances artísticas, a reverberação precisa ser suave, limpa e macia. Isso só pode ser alcançado se arquiteto, designer e especialista em acústica trabalharem em conjunto desde a concepção inicial do projeto.
A própria escolha dos materiais mais adequados para cada projeto faz toda a diferença na acústica para teatros. A partir do tamanho e demais características do local, o especialista em acústica define o posicionamento de materiais que são respectivamente reflexivos, absorvedores ou difusores: a mescla desses materiais auxilia na busca pela reverberação ideal para o teatro.
Para evitar problemas como barulhos externos, ecos, ressonâncias e até reverberação excessiva, usam-se cortinas, carpetes e materiais como forros de madeira (absorvem e refletem o som), forros minerais (reduzem ruídos) e placas acústicas de elevada absorção sonora. Outros detalhes são a ausência de janelas e a presença de pesadas portas hermeticamente fechadas que impedem o vazamento do som.
Projetos acústicos em teatros ao redor do mundo
Algumas das grandes casas de espetáculo espalhadas pelo mundo são os melhores exemplos de como ter a melhor acústica para teatros é determinante para o sucesso do local. Conheça algumas:
Palácio da Música Catalã, Barcelona-ESP
Patrimônio cultural tombado pela UNESCO, foi construído pelo arquiteto Lluís Domènech i Montaner e finalizado em 1808. O local prima em termos sonoros e decorativos, com azulejos no teto que criam uma estrutura difusora para espalhar o som.
O público é bem distribuído em cadeiras estofadas, o que controla o tempo de reverberação. No local são apresentadas peças teatrais, espetáculos de dança flamenca e música moderna.
Saiba mais: Acústica de salas e teatros – o Palácio da Música Catalã
Semperoper, Dresden-ALE
Erguida em 1841 pelo arquiteto Gottfried Semper, é a sede da Companhia de Opera Estatal de Dresden e sala de concertos da Orquestra Estatal de Dresden. Destruída em incêndios e guerras, foi reconstruída da última vez de forma econômica e criativa.
O grande auditório, com capacidade para 1309 pessoas, foi projetado para não seja preciso utilizar microfones ou amplificadores no palco; por ser tão grande, ele não precisa de absorvedores de som – apenas difusores e refletores.
Leia mais: Semperoper em Dresden: Uma experiência acústica na Europa
Sala São Paulo, São Paulo-BRA
A qualidade acústica da Sala São Paulo depende de todo um universo de detalhes que, unidos, dão à música que é tocada no ambiente toda sua nuance. O forro móvel é marca registrada do local e um dos fatores mais importantes, mas não o único: a ausência de carpetes ou cortinas, o desenho das poltronas, o posicionamento do palco e a espessura da madeira que o forma, a geometria da Sala e uma série de outros detalhes criam a acústica ideal para o ambiente inaugurado em 1999.
Confira mais informações: Conheça um pouco mais sobre a acústica da Sala São Paulo
Casa da Música, Porto-POR
Dedicado exclusivamente à música, é um local com características particulares – como a ausência de fosso para orquestra, que fica no próprio palco quando necessário. É composto por um auditório principal (a Sala Suggia, com capacidade para 1238 pessoas e cuja acústica é reconhecida como excelente) e outras duas salas para espetáculos.
Na Sala Suggia, paredes e tetos receberam pinho nórdico, o vidro é curvo para compensar e divergir as ondas sonoras e, quando necessário, um tecido especial cobre as cadeiras para imitar a ocupação de 70% da sala.
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Elbphilharmonie, Hamburgo-ALE
Sede da Orquestra Filarmônica de Hamburgo, é um edifício projetado pelo escritório de arquitetura suíço Herzog & de Meuron, mesmos responsáveis pelo Tate Modern em Londres pelo Estádio Olímpico em Pequim.
Erguido sobre um armazém histórico, tem fachada de vidro e design que lembra um navio. Abriga, entre outras coisas, salas de concerto, de ensaio e uma escola de música. A sala principal, com capacidade para 2.100 pessoas, deixa a plateia em volta de todo o palco e propicia uma excelente experiência sonora independentemente do local do assento.
Saiba mais: Elbphilharmonie: uma aula de acústica e arquitetura!
Curso de Acústica de Salas de Espetáculo e Igrejas
Quer aprender mais sobre acústica para teatros? Conheça o mais aguardado curso de acústica de salas do ano, ministrado pela maior referência brasileira no tema: Lineu Passeri, doutor em Acústica de Teatros e Salas de Espetáculo. Criado para arquitetos e engenheiros, Curso de Acústica de Salas de Espetáculo e Igrejas possui um conteúdo exclusivo do curso ensina a projetar ambientes de performance cultural e religiosa com quem realmente entende do assunto.
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Fórmulas complicadas, logaritmos e caros softwares de modelagem? Isso não é necessário: tudo o que você precisa é de lápis, esquadros, escalas e uma calculadora básica. Com esses materiais, você será capaz de projetar qualquer teatro, igreja ou auditório sem cometer nenhum erro!
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