Os efeitos da poluição sonora na saúde das crianças
Considerada a segunda maior causa de poluição ambiental, atrás apenas da poluição atmosférica, a poluição sonora é um problema cada vez mais comum nas áreas urbanas do planeta. E se o excesso de ruído já causa uma série de complicações físicas e psicológicas nos adultos, as crianças são ainda mais afetadas.
O canal auditivo de uma criança é muito menor do que de um adulto e a pressão que entra no ouvido dos pequenos é maior, aumentando os riscos de problemas auditivos. Mas essa não é a única preocupação, já que a exposição a altos níveis de ruído também atrapalha o desenvolvimento e o aprendizado.
Neste artigo, você vai ver como a poluição sonora afeta a saúde de crianças de diferentes idades, além de saber mais sobre a importância e as soluções para acústicas em escolas. Boa leitura!
Impacto da poluição sonora em diferentes idades
A exposição a ruídos impacta na saúde das crianças antes mesmo do nascimento. Ainda que os músculos da barriga da mãe abafem a maior parte do som, a partir do 7º mês de gestação a audição do bebê já está desenvolvida e é afetada por ruídos externos.
Segundo um estudo publicado Institute of Environmental Medicine da Suécia, o risco de disfunção auditiva dos bebês é 80% maior nos casos em que as mães são expostas a ruídos de mais de 85 dB.
Durante a fase de desenvolvimento da fala, a poluição sonora limita a capacidade de aprendizado das crianças. De acordo com uma pesquisa da Universidade de Wisconsin-Madinson (EUA), o barulho interfere na assimilação do significado de novas palavras, pois dificulta a concentração dos pequenos.
O estudo foi realizado com 106 crianças entre 1 ano e 10 meses a 2 anos e 6 meses (22 a 30 meses) e mostrou que as que estavam em ambiente sem ruídos conseguiam assimilar com mais facilidade o significados de palavras ditas pelos pesquisadores.
É na idade escolar, no entanto, que as crianças estão mais expostas a ruído elevados e suas complicações. Na escola, a poluição sonora e a falta de tratamento dos ruídos geram dificuldades de comunicação e aprendizagem, prejudicam o desenvolvimento escolar, além de aumentar o estresse e a frequência cardíaca.
Acústica em escolas
A falta de acústica adequada em uma escola ocasiona uma série de problemas que afetam estudantes e professores. O principal deles é a está relacionado a inteligibilidade da fala, ou seja, ao nível de dificuldade que o ouvinte tem de compreender o que o orador está falando.
Em sala de aula, a inteligibilidade da fala é afetada pela combinação da reverberação do ambiente com o ruído residual proveniente do ambiente externo, do próprio edifício ou de equipamentos.
A NBR 10.151 estabelece que os níveis de pressão sonora para ambientes externos em áreas escolares são de 50 dB no período diurno e de 45 dB durante a noite. Já em ambientes internos os níveis de conforto acústico, de acordo com a NBR 10.152, são os seguintes:
- 35 a 45 dB em bibliotecas, salas de música e desenho;
- 40 a 50 dB em salas de aula e laboratórios;
- 45 a 55 dB em áreas de circulação.
Na prática, a realidade de muitas escolas é bem diferente. Em um estudo realizado em 10 escolas do Distrito Federal, os níveis de ruídos estavam acima dos valores recomendados em 90% das instituições avaliadas.
Uma das escolas, localizada em uma das rotas de aviões que leva ao Aeroporto Internacional de Brasília, os níveis de pressão sonora ultrapassaram os 90 dB. Já outra instituição de ensino, situada próxima a uma avenida muito movimentada de Taguatinga, registrou níveis acima de 65 dB por conta do intenso tráfego de veículos.
Saiba mais sobre a pesquisa no artigo A poluição acústica em salas de aula
Os dados mostram que a localização inadequada das edificações dentro da malha urbana e a falta de tratamento adequado contribuem não apenas para que crianças e adolescentes tenham dificuldades de aprendizado e perda de concentração durante as aulas, mas também para que professores desenvolvam problemas vocais e de estresse.
Como melhorar a acústica das escolas
Contar com o apoio de um profissional de acústica é essencial na hora de elaborar projetos e obras em escolas. O profissional vai fazer a análise do layout da instituição e dos materiais de revestimento que serão utilizados levando em consideração as características da edificação, sua localização e as fontes de ruídos externos que contribuem para a poluição sonora do ambiente escolar.
Escolas que ficam próximas a fontes de ruído intenso, como aeroportos e rodovias – caso das instituições analisadas no Distrito Federal – precisam de um projeto acústico específico.
Alguns problemas acústicos podem ser minimizados já na definição do layout da escola. Nessa fase, o projetista acústico vai identificar quais são as áreas mais sensíveis e separá-las da mais barulhentas por corredores, divisões de edifícios etc. Esse zoneamento é utilizado ainda para evitar que fontes ruidosas como a quadra de esportes, por exemplo, fiquem próximas de áreas sensíveis.
Em relação ao isolamento acústico, é preciso utilizar materiais e alternativas adequadas à estrutura da escola. Algumas das soluções mais utilizadas para diminuir a reverberação nos ambientes e, consequentemente, aumentar a inteligibilidade da fala são: drywall, forros e revestimentos, além da redução da altura do teto.
Uma absorção sonora excessiva, no entanto, é prejudicial para a acústica de uma escola, uma vez que pode comprometer a qualidade acústica da sala impedindo que os alunos mais distantes ouçam o que o professor está falando.
Leia também: Tempo de Reverberação Ideal
Além disso, outros pontos que merecem atenção em um projeto acústico para escolas são sistema de ventilação, o posicionamentos das portas, o uso de mobílias e isolamentos para evitar o paralelismo das salas de aula.
O tratamento acústico de um ambiente escolar não deve se limitar à sala de aula. Salas de professores e de reuniões, laboratórios, ginásios e bibliotecas também possuem problemas de ruído e devem ser contemplados no projeto acústico.
Conclusão: poluição sonora é uma questão de saúde
Viver em ambientes mais silenciosos é uma questão crucial para a saúde do ser humano em todas as idades. E o cuidado com a exposição das crianças ao ruído é uma forma de garantir seu desenvolvimento físico e cognitivo.
Por isso, melhorias no planejamento urbano e adequação acústica das edificações são fundamentais para que escolas e outros ambientes frequentados por crianças ofereçam maior conforto acústico e mais qualidade de vida.
Para mais informações detalhadas nós recomendamos acessar o BB93 que é um material técnico Inglês sobre o tema de acústica em escolas. Nele você encontrará critérios de isolamento sonoro entre diferentes tipos de salas de uma escola e práticas de condicionamento acústico muito eficazes.
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