Ruído ocupacional – Parâmetros normativos e EPIs

Ruído ocupacional – Parâmetros normativos e EPIs

Fonte: https://www.daydesign.com.au/services/occupational/

O ruído é um dos riscos ocupacionais em ambientes de trabalho em que se utilizam máquinas e equipamentos. Nos setores da construção civil e industrial, por exemplo, as fontes de ruído consideradas prejudiciais aos funcionários costumam ser equipamentos e máquinas como martelos pneumáticos, retroescavadoras, serras circulares, fresadoras, geradores, tornos mecânicos, e outros.

Os efeitos do ruído em ambientes de trabalho vão desde o prejuízo na comunicação, a perda da inteligibilidade da linguagem, irritabilidade, a alterações fisiológicas, sintomas cardiovasculares e lesões auditivas temporárias ou permanentes.

Critérios normativos e serviços relacionados

Com objetivo de controlar o ruído e impedir seus efeitos na saúde humana, a consultoria acústica para avaliação do ruído e de vibrações em ambientes de trabalho consiste em serviços variados, tais como:

1) Dosimetria ocupacional, conforme as normas NR15 do Ministério do Trabalho, NHO 01 de Higiene Ocupacional da Fundacentro e a ISO 9612.

A NR 15 caracteriza as atividades e operações insalubres que podem causar riscos à saúde humana em ambientes de trabalho. No que diz respeito à exposição de trabalhadores ao ruído, determina valores limites e exigências com relação ao ruído contínuo ou intermitente e ao ruído de impacto. De acordo com esta norma, o tempo de exposição para o caso de níveis de ruído contínuo ou intermitente não deve exceder os limites de tolerância fixados na tabela a seguir:

Limites de Tolerância para Ruído Contínuo ou Intermitente

NÍVEL DE RUÍDO dB (A)	MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA PERMISSÍVEL
85	8 horas
86	7 horas
87	6 horas
88	5 horas
89	4 horas e 30 minutos
90	4 horas
91	3 horas e 30 minutos
92	3 horas
93	2 horas e 40 minutos
94	2 horas e 15 minutos
95	2 horas
96	1 hora e 45 minutos
98	1 hora e 15 minutos
100	1 hora
102	45 minutos
104	35 minutos
105	30 minutos
106	25 minutos
108	20 minutos
110	15 minutos
112	10 minutos
114	8 minutos
115	7 minutos

 

Como ruídos de impacto, a NR15 considera os ruídos que apresentam picos de energia acústica de duração inferior a um segundo, a intervalos superiores a um segundo. O limite de tolerância para ruído de impacto de acordo com a norma é de 130 dB (linear), quando da utilização de medidor de nível de pressão sonora com circuito de resposta para impacto. No caso da avaliação a partir de resposta rápida (FAST) e circuito de compensação “C”, o limite de tolerância será de 120 dB(C). 

A NHO 01 da Fundacentro tem por objetivo estabelecer critérios e procedimentos para a avaliação da exposição ocupacional ao ruído, que implique risco potencial de surdez ocupacional. Aplica-se à exposição ocupacional a ruído contínuo ou intermitente e a ruído de impacto, em quaisquer situações de trabalho.

A ISO 9612 (Acústica – Determinação da Exposição Ocupacional ao Ruído – Método de Engenharia) norma demonstra um método para medição da exposição dos trabalhadores ao ruído no ambiente de trabalho e cálculo do nível equivalente de exposição.

2) Dosimetria para usuários de headset, conforme as normas ITU P-360 e ISO 11904.

Fonte: http://snext-final.com/en/products/makeseries/

A ITU (União Internacional de Telecomunicações) P-360 determina critérios de eficiência de dispositivos para prevenir a ocorrência de pressão acústica excessiva pelos telefones receptores e avaliação da exposição diária de usuários de telefone).

A ISO 11904 (Acústica – Determinação de emissões de fontes sonoras localizadas próximas aos ouvidos) é aplicada para determinar os níveis de exposição de operadores de teleatendimento a ruído com o objetivo de avaliar o ruído ocupacional a que estão expostos os operadores de teleatendimento para sua efetiva proteção. A norma indica, em sua parte 1 (Parte 1: Técnica utilizando microfone MIRE) uma técnica para medição dos níveis de ruído em usuários de fones de ouvido utilizando um microfone em ouvido real. A parte 2 da norma indica uma técnica para medição dos níveis utilizando cabeça acústica / manequim.

3) Medição de ruído em locais de trabalho, conforme a NR17.

A NR 17 visa a estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. Em locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação intelectual e atenção constantes, por exemplo, tais como: salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos, a norma recomenda que sejam garantidas as condições de conforto conforme os limites de nível sonoro para ambientes internos estabelecidos na NBR 10152, norma brasileira registrada no INMETRO, observando o nível de ruído aceitável para efeito de conforto de até 65 dB(A) e a curva de avaliação de ruído (NC) de valor não superior a 60 dB.

4) Medição de vibrações no corpo humano: mãos-braços e corpo inteiro, conforme as normas ISO 5349 e ISO 2631.

A ISO 5349 especifica os métodos gerais para medir e informar a exposição da vibração transmitida à mão em três eixos ortogonais para as faixas de um terço de oitava e faixas de uma oitava tendo frequências centrais entre 8 Hz e 1.000 Hz. Além disso, especifica os limites temporários de exposição para a vibração transmitida à mão, a aceleração ou velocidade da vibração, tempo de exposição diária, interrupção momentânea da exposição e direção da vibração relativa à mão. A norma aplica-se à vibração periódica, não periódica ou casual, sendo que provisoriamente, também ser aplicada à excitação de tipo impacto (repetida).

A ISO 2631 define e dá valores numéricos a limites de exposição a vibrações transmitidas ao corpo humano, por superfícies sólidas, na amplitude de frequência de 1 a 80 Hz. A norma aplica-se à vibração periódica, não periódica ou casual, com um espectro difuso de frequência. Eventualmente, pode também ser aplicada a excitação de impacto, desde que a energia em questão esteja contida na banda entre 1 e 80 Hz.

5) Avaliação de eficiência de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), conforme a NR6.

Fonte: https://sbosafety.com/safety-tips-for-occupational-noise-exposure-in-construction/

Para os fins de aplicação da NR6, considera-se Equipamento de Proteção Individual – EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. Segundo a norma,  a contratante é obrigada a fornecer aos empregados EPIs adequados ao risco, nas seguintes circunstâncias:

a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho;

b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e,

c) para atender a situações de emergência.

No que diz respeito ao controle do ruído, a norma indica que seja utilizado protetores auditivos circum-auricular, de inserção ou semi-auricular para proteção do sistema auditivo contra níveis de pressão sonora superiores ao estabelecido na NR15.

6) Auxílio na elaboração e implementação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), conforme a NR9.
A NR9 estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, indicando os parâmetros mínimos e diretrizes gerais visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores. Consideram-se, para efeitos da NR9 e elaboração do PPRA, riscos ambientais os agentes físicos, a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom.