Top Filmes e documentários sobre acústica
A acústica é uma ciência que provoca sensações diversas em quem a estuda. Se tratando de uma área multidisciplinar, não é difícil encontrar alguém que ama uma área da acústica, mas detesta outra. Essa mistura de emoções também faz parte do cinema. A sétima arte não leva essa alcunha sem propósito. Responsável por diversas obras de arte ao longo de sua história, o cinema é responsável por contar histórias belíssimas que podem emocionar, conscientizar e ensinar diversas lições.
E se eu te contar que existem diversos filmes e documentários que abordam de alguma forma o tema de acústica? Nesse artigo iremos explorar juntos alguns dos filmes mais famosos do mundo e outros um pouco desconhecidos, mas que podem nos ensinar um pouquinho sobre a arte da acústica.
Em O Som do Silêncio (2019), Peter trabalha “afinando as residências”. Com um ouvido apurado, ele desenvolveu um serviço onde ajuda pessoas com problemas psicoacústicos a terem uma vida melhor a partir do ajuste da ambiência sonora das suas residências. Com ajuda de uma instrumentação que vai desde um sonômetro até um calibrador de instrumentos musicais, ele consegue identificar quais aparelhos eletrônicos ou móveis produzem sons em frequências que provocam estresse ou insônia. Porém a casa de Ellen, interpretada por Rashida Jones, possui problemas que ele não está conseguindo consertar.
Passando dos limites (2007) diz muito sobre a importância de um bom isolamento acústico, além dos problemas que podem ser causados pela exposição excessiva ao ruído. David, interpretado por Tim Robbins, é um morador de Nova York que não aguenta mais o alto ruído da cidade, em especial os alarmes de carros. Após um colapso nervoso, David começa a quebrar todo carro que está a tocar o alarme, sem parar, até chegar ao ponto de ser preso. Quando percebe que essas medidas drásticas não iriam ajudar na solução de seu problema, ele recorre aos meios legais para tentar tornar Nova York mais silenciosa.
Um filme interessante que aborda um lado da acústica pouco conhecido é o Alerta Lobo. Lançado em 2019, esse filme francês traz como protagonista Chanteraide, um militar da marinha francesa responsável pela operação do sonar de um submarino. Com o ouvido absoluto, capacidade de identificar qualquer variação de frequência de um som, ele é conhecido por seus companheiros como ouvido de ouro. Ele consegue identificar qualquer modelo de submarino, além do tamanho, peso, quantidade de hélices, e até animais ou qualquer outro som através do sonar. A história inicia no ponto em que o sonar capta um sinal desconhecido que o protagonista hesita em classificar como sendo um submarino inimigo. Ao longo da história, a “guerra acústica” como é classificada, toma grandes proporções quando uma guerra nuclear parece ser inevitável e conseguir operar o sonar com maestria é fundamental.
Achou que não teria um filme de terror sobre acústica? Achou errado. Pois o filme Berberian Sound Studio (2012) é um terror psicológico ambientado nos anos 70 em que o protagonista, Gilderoy, é um editor de som que foi contratado para trabalhar em um filme de terror. Impressionado pelos efeitos sonoros e cada vez mais imerso e afetado pelo filme em que está trabalhando, Gilderoy começa a perder a sanidade e o controle dos seus atos pouco a pouco.
As Ondas sonoras (Making Waves: The Art of Cinema Sound) é um filme documentário quase obrigatório para quem gosta de acústica e cinema. Revisitando toda evolução dos efeitos sonoros na história cinematográfica, este documentário traz entrevistas com importantes diretores cinematográficos como George Lucas e Cristopher Nolan e de editores de áudio como Bem Burtt e Walter Murch – ambos vencedores do Oscar. As Ondas Sonoras mostra a importância do som no cinema, como ele consegue dar ritmo a cenas ou até mesmo como a sua completa ausência consegue transpor tensão e tirar o fôlego. Introduzindo a importância do som desde quando o cinema mudo, por vezes, trazia orquestras inteiras para as salas de cinema para reproduzir, não apenas a música que iria dar a emoção necessária para o filme, mas também para reproduzir os efeitos sonoros (como sons de tiros e aviões através de instrumentos de percussão). Passando pelas técnicas empregadas para sincronizar áudio e vídeo. As rudimentares edições de áudio, cortando, colando, invertendo e acelerando ou desacelerando fitas. As gravações dos mais aleatórios sons para a criação dos mais diversos efeitos sonoros (como inverter o rugido de um tigre e alterar a sua velocidade para criar um rugido totalmente único para o King Kong original). As técnicas utilizadas no rádio para criar ambiência, profundidade e diferentes efeitos sonoros trazidos para o cinema por Orson Welles em Cidadão Kane. As inúmeras revoluções sonoras que aconteceram década após década desde Apocalypse Now a Star Wars. A evolução do som mono para o som estéreo e por fim ao sistema Dolby que é utilizado até hoje. Enfim, um documentário que vale a pena ser conferido por todo amante do áudio e acústica.
Ah, e um brinde. Afinal, existe som no espaço? Essa é uma pergunta que eu sempre tenho que responder quando falo que trabalho com engenharia acústica. Bom, a resposta é não, já que para o som se propagar é necessário um meio elástico para que as partículas consigam vibrar e dessa forma criar a onda sonora. O espaço, se tratando de um grande vácuo, não possui um meio em que seja possível existir o som. Por isso a mundialmente aclamada série de filmes Star Wars leva a ficção científica bem além dos aliens, sabres de luz e espaçonaves, dado que a propagação sonora no espaço do modo que é retratado nos filmes com temática espacial se trata também de um toque de ficção científica. Uma vez que o cinema não precisa ser totalmente acurado, reproduzir som no espaço é uma licença poética totalmente bem-vinda.
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