Conheça as 6 fases do projeto de isolamento acústico!
O dia a dia do arquiteto e do engenheiro é corrido! Fazer plantas baixas, preencher planilhas de cálculo, gerar anotações de responsabilidade técnica, visita a obras, e se der tempo tomar um cafezinho com os clientes e colegas de trabalho. Parar um segundo para estudar um tópico novo é por vezes difícil e pouco estimulante se não há uma motivação forte para tal. Entretanto, o mercado está cada dia mais competitivo e quem acabou de entrar no mercado sabe que está despreparado no momento que o primeiro projeto chega na sua mão. Um desses projetos que poucos profissionais conseguem lidar é o projeto de isolamento acústico. Neste artigo quero apresentar os principais elementos de um projeto acústico, e quais conhecimentos o profissional deve conhecer antes de assumir uma responsabilidade frente a um projeto desta natureza. Com certeza, após essa leitura você terá bem claro o que é necessário para enfrentar o desafio de fazer ou contratar um projeto de isolamento acústico. Vamos lá?
Condicionamento Acústico X Isolamento Acústico
Talvez ainda não esteja claro para você, mas essa diferenciação dos termos é muito importante de faz toda a diferença. Isso é um problema pois as vezes até mesmo o poder público não tem isso bem claro. Por exemplo, quando um empresário precisa tirar uma “Certidão de Tratamento Acústico Adequado”, na verdade ele precisa é garantir que o seu espaço não esteja gerando poluição sonora para os vizinhos. Desta forma, o tratamento acústico engloba o isolamento acústico, é o que se deseja neste caso. O condicionamento acústico é quando temos um ambiente interno que possui qualidade sonora dentro dele, de forma que o som não seja distorcido, com eco ou reverberação excessiva. Ou ainda, a sala pode apresentar posições de audição que realcem o grave gerando sensação de falta de equalização do som, o que ocorre muito em estúdios pequenos ou home studios. Por outro lado, o isolamento acústico é a quantidade de som que é barrado de um ambiente para outro. Ou seja, do ambiente interno para o meio ambiente ou ainda de uma sala para outra. Se você quer saber mais sobre como emitir a “Certidão de Tratamento Acústico Adequado”, fiz um e-book que explica cada documento e cada processo necessário até conseguí-la, é só clicar aqui.
Iniciando um projeto de isolamento acústico
O primeiro passo de um projeto de isolamento acústico é definir o escopo, o que irá ser feito. Nessa hora o arquiteto, engenheiro civil ou mesmo o cliente, devem ter bem claro o que será solicitado. Um bom material sobre esse assunto é o Manual de Escopo de Projetos e Serviços de Acústica, elaborado pela Pro Acústica disponível aqui. Em resumo, esse manual contempla 6 fases de projeto, sendo algumas opcionais e outras obrigatórias. Tudo depende do porte do projeto e exigências do cliente e da legislação. As fases do projeto acústico são:
Fase A – Concepção do produto: nesta fase são feitas medições no local, seja uma obra já construída ou em um terreno que receberá o empreendimento. Um laudo é gerado e dependendo do porte do projeto pode-se fazer um mapa acústico. Esse mapa é uma carta informando os níveis de ruído da região ou da planta de uma indústria. São identificadas as fontes sonoras e a potência sonora de cada uma delas. Dependendo do zoneamento da região no plano diretor da cidade, verifica-se o isolamento acústico mínimo para atender a legislação. A Classe de ruído I caracteriza um ambiente externo calmo, e a Classe de ruído III caracteriza um meio ambiente bem ruidoso, como exemplo.
Fase B – Definição do produto: a fase contempla o chamado Anteprojeto, onde são definidas as áreas a receber soluções acústicas. É necessária uma planta arquitetônica, contendo os equipamentos de som e uso pretendido de cada ambiente. Com isso o engenheiro acústico pode realizar os cálculos de isolamento acústico, baseados na NBR 15.575 de desempenho acústico de edificações e em conjunto com a ISO 15.712 que calcula a performance acústica de um edifício com base nos elementos construtivos pré-definidos. Como um opcional, você pode solicitar ao engenheiro acústico uma busca por soluções inovadoras e sustentáveis, ou ainda estudo técnico-econômico do projeto.
Fase C – Identificação e solução das interfaces: também conhecida como Projeto Básico, onde todas as plantas complementares, principalmente de hidráulica, alvenaria e ar condicionado são comparadas com as plantas acústicas. Os problemas identificados são tratados imediatamente e por vezes a interação com profissionais das outras disciplinas é necessária para resolver os conflitos. As soluções acústicas são consolidadas, garantindo margens de segurança de engenharia, como de costume.
Fase D – Projeto de detalhamento das especificidades: ou ainda Projeto Executivo, que trata do detalhamento de todas as soluções acústicas em planta e em memoriais descritivos ou de cálculo. As especificações dos materiais e desenho técnico de equipamentos são realizadas em detalhe. Com isso, o cliente terá condições de elaborar orçamentos com os fornecedores de materiais, elaborar minutas contratuais de mão de obra e planilhas com o volume de materiais e serviços para futuro controle. Esse trabalho também pode ser realizado pelo engenheiro acústico, se contratado para tal. É aqui que as janelas anti ruido, ou as chamadas janelas acústicas vão ser detalhadas.
Fase E – Pós-entrega do projeto: nesta fase o projeto é apresentado ao cliente final e são tiradas dúvidas para dar andamento à fase de obras. Por vezes alguns fornecedores de materiais requerem o projeto para projetar sistemas auxiliares de suporte de equipamentos, ou painéis de revestimento. Por exemplo, se paredes de drywall são especificadas, toda a parte do projeto de perfis metálicos é realizada pela empresa instaladora. Nesta obra, o engenheiro acústico pode supervisionar a obra, caso contratado para tal, para garantir que falhas de instalação não ocorram durante a obra. Isso é de extrema importância ao nosso ver!
Fase F – Pós-entrega da obra: essa última etapa é muito importante para garantia da qualidade dos serviços. O projeto só é bom se for constatado que ele atende ao projetado. Portanto, medições dos níveis de ruído dentro das salas, de uma sala para outra, e de uma sala para fora são essenciais. Deve-se medir com e sem o sistema de sonorização funcionando para poder comparar os níveis de ruído de fundo pela NBR 10.152 e os níveis de desempenho acústico preconizados na NBR 15.575. Somente profissionais gabaritados e com equipamentos adequados podem fazer esses ensaios. A norma de ruído em comunidades NBR 10.151 também pode ser usada, medindo o ruído com a janela acústica ou, não acústica, aberta e fechada.
Bom, essas fases são o passo a passo para o seu projeto de isolamento acústico. É essencial saber que quanto mais pesada a estrutura, parede ou piso, mais som será isolado. Mas estruturas rígidas também vibram, portanto, se uma máquina vibratória estiver encostada na parede, por mais espessa e pesada que ela seja, o som pode ser transmitido para a sala adjacente. Alguns sistemas usam o conceito massa-mola-massa, na qual duas estruturas de maior densidade são unidas por um colchão de ar ou uma estrutura esbelta com boa dissipação, dificultando a passagem do som. Isso porque o som precisa trocar de meio várias vezes e o material do meio do sanduiche (mola) é um mal condutor do som. Você já deve ter ouvido falar das paredes duplas, certo?
Veja que as normas citadas são somente algumas das tantas normas existentes neste ramo. Essas normas são aplicadas à construção civil, mas existem outras normas mais complicadas para projeto de encausuramento de geradores, casas de máquinas, equipamentos de fonoaudiologia e outros. Verifique com o consultor acústico quais normas são aplicáveis para evitar de tomar uma multa por ruído excessivo dos órgãos públicos. Outra questão é que sistemas com isolamento maior que 55 dB geralmente são difíceis de projetar, sendo necessários sistemas especiais que poucas pessoas conseguem executar sem orientação. Se esse for o seu caso, procure um especialista. E aí, valeu a dica?
Abraço e bons projetos!
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