Alfabeto da Acústica: o que significa cada uma das letras das normas técnicas?
Você já se deparou com a sopa de letrinhas nas normas técnicas? Existe todo um alfabeto para descrever as quantidades sendo avaliadas para cada medição acústica. Isolamento de fachada, de porta, esquadria, parede, piso, som tonal, de impacto e ponderado são alguns exemplos.
Esses dados são sobrescritos com letras, números e vírgulas, o que pode assustar à primeira vista. Mas entendendo o raciocínio por detrás desta escrita, fica mais fácil entender até os descritores nunca antes vistos. Vamos trazer neste artigo um pouco desta sopa de letrinhas que são aplicadas no âmbito de acústica em edificações.
Entendendo os descritores das normas técnicas
Para entender o descritores, se faça as seguintes perguntas:
- Qual é a quantidade sendo avaliada?
- Qual é a ponderação usada?
- Qual é o tempo de amostragem?
- Existe um identificador de fonte ou receptor? A que distância?
- Existe uma referência?
- O valor é padronizado, máximo ou equivalente?
Normalmente o descritor vai responder pelo menos 3 dessas perguntas, sendo a principal a primeira. As quantidades primordiais para acústica de edificações e seus respectivos descritores são:
- nível (L);
- redução (R);
- diferença (D);
- correção (K).
Avaliando o som em si, sempre será utilizado o nível L, tendo valores limite para delimitar as recomendações ou valores normativos. Já o desempenho de isolamento acústico pode ser quantificado em R ou D, mas nos casos de ruído de equipamentos prediais o nível L pode ser utilizado como parâmetro de desempenho do sistema.
Para avaliação do nível, é indispensável a informação de qual ponderação é usada. Comumente utilizada para as medições de poluição sonora causada por empreendimentos que buscam se adequar a NBR 10151, a ponderação A desconsidera a energia das baixas frequências devido a nossa sensibilidade auditiva. Quando necessária para avaliar som tonal, a não utilização da ponderação é descrita como Z.
Ao configurar a amostragem temporal do sonômetro, o consultor vai se deparar com duas letras: S e F, representando respectivamente, slow e fast. A taxa slow aponta que o sonômetro apresenta o nível equivalente a cada 1 segundo, enquanto o fast a cada 125 milissegundos, 8 vezes mais pontos no histórico, permitindo avaliar sinais mais transitórios. Além disso, há a constante de tempo impulse que é utilizada em casos especiais de avaliação de sons muito curtos e que podem apresentar um potencial de dano auditivo muito maior.
A identificação das fontes e receptores são bem abrangentes e variam bastante de norma para norma. É comum observar no subscrito de níveis L, os valores 1 e 2 , relacionados com sala emissora (1) e sala receptora (2) do som emitido pela fonte. Avaliações de fachadas necessitam que o sonômetro esteja a 2 metros desta, um subscrito 2m é adicionado na diferença de nível.
Abreviações também fazem parte da extensa família de subscritos das quantidades. Som total (tot), específico (esp), residual (res), interior (int) e exterior (ext) são abreviados para as três primeiras letras na NBR 10151. Outras abreviações como máx para máximo e eq para equivalente, apontam como é avaliada essa quantidade: O nível máximo ponderado em A amostrado na constante de tempo slow é um exemplo utilizado ao avaliar o ruído de equipamentos prediais de acordo com a ISO NBR 16032.
Para apontar uma padronização dos resultados das medições, são aplicadas algumas correções relacionadas a absorção e reverberação de um ambiente. Tais resultados apresentam um subscrito n e podem vir acompanhados de um T quando a referência for o tempo de reverberação.
Podemos e devemos observar o espectro de um som para tirar conclusões mais assertivas. As informações dos níveis em cada banda frequência (comumente em oitava ou terço de oitavas) é relevante para uma avaliação detalhada que permita identificar a característica do som e direcionar os esforços. Contudo, ao apresentar projetos para clientes ou profissionais leigos em acústica o valor único é muito bem vindo, visto que ele dá uma ideia mais próxima do que nosso sistema auditivo realmente interpreta destes sons (visto que o que é medido, nem sempre é o que representa a nossa sensibilidade em relação ao evento sonoro). Estes valores únicos são contemplados nas normas como valores ponderados, descritos pela letra subscrita w. Você encontra esse descritor na NBR 15575-3 (Ex: Diferença de padronizada de nível ponderada).
Agora que já explicamos como interpretar a linguagem técnica da acústica, que tal desbravar os e-books do Portal da Acústica. No Guia prático para acústica em edificações são apresentados os descritores utilizados para isolamento acústico. Acesse aqui e baixe gratuitamente.
E você? Quais letras do alfabeto da acústica você mais encontra na sua sopa de letrinhas?
Referência Bibliográfica:
- NBR 15575-2
- Manual básico da Pró-Acústica
- NBR 10151
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