Interferência entre projetos complementares em edificações
É necessário sempre pensar como serão feitas as instalações em uma edificação e dessa maneira desenvolver um projeto a partir disto. Com o grande avanço das tecnologias e conhecimentos na área da construção civil e arquitetura, diversos projetos ganham enorme importância para compor o arquitetônico. Esses projetos, feitos muitas vezes separadamente por diferentes profissionais, têm como objetivo compor toda a edificação e solucionar seus problemas.
O projeto acústico, elétrico, hidráulico, telefônico e de ar condicionado são alguns exemplos desses sistemas de detalhamento que constituem uma obra por completo. Mas na hora de executar é necessário um cuidado para que nem um destes atrapalhe o funcionamento do outro. Neste artigo vamos explorar um pouco mais de como os projetos complementares interferem no acústico e possíveis soluções para isso.
O Projeto Acústico dentro dos complementares
Para a realização de um projeto acústico é sempre necessário o máximo de material possível de projetos já definidos para o programa da edificação. Com os projetos complementares e o arquitetônico em mãos, é possível identificar os pontos de cuidado a se tomar na hora da execução das soluções.
Um bom exemplo são as paredes de drywall como solução acústica entre ambientes. Essa parede pode também exigir eletrodutos para o projeto elétrico ou tubulação para o hidráulico. Sabemos bem que eletricidade e água não se dão bem, e é por conta disso que profissionais de saneamento e de instalações elétricas devem tomam este cuidado.
Mas e o acústico? Bom, o projeto acústico tem instruções para que estes equipamentos de outros projetos não tenham tanto impacto no desempenho das soluções acústicas. Tubulações de água podem ser um problema acústico, ninguém quer escutar a descarga do andar de cima enquanto se prepara para dormir. Uma solução para tubulações dentro de paredes drywall é sempre ter certeza que estes tubos estão cercados por uma lã que irá absorver bem esse som e manter os níveis de ruídos adequados.
Para o projeto hidráulico, os sistemas de águas pluviais e de esgoto de edificações em geral (principalmente em prédios e apartamentos) podem ser um problema em relação aos barulhos. Para isso, os ruídos das tubulações com o deslocamento da água e o ruído de impacto da água com outras superfícies deve ser tratado da maneira correta. Nesse sentido os projetos hidráulicos e acústicos convergem, onde a comunicação entre esses projetos detalhando as tubulações e tratamentos necessários é essencial. Desta maneira a comunicação entre os profissionais e os projetos se torna necessária, a fim de formar no programa do edifício soluções coerentes e eficazes.
Ler mais em: https://portalacustica.info/o-ruido-associado-aos-sistemas-de-hidrossanitario/.
Falando das paredes drywall e instalações elétricas, por exemplo, é recomendado deixar pelo menos uma distância de 600mm de cada ponto de tomada. Para a instalação das lãs dentro da parede drywall é também interessante ter a noção de onde estão passando os eletrodutos, para que a lã também não atrapalhe numa possível manutenção.
Imagem do livro: Architectural Acoustics Illustrated – Michael Ermann
A figura 1 mostra um esquema de como tratar a passagem do som entre 2 ambientes que têm pontos de tomadas. Veja que para bloquear a passagem do som, a estrutura do montante se encontra no meio entre as duas tomadas. A lã também toma o cuidado de cercar a caixa elétrica. Alguns materiais como caixinhas seladoras tem a função de cercar essas caixas elétricas e proporcionar um melhor tratamento desse sistema.
Tratando dos forros e pisos acústicos, os cuidados a serem tomados são os mesmos. Para iluminação no teto alguns recortes no gesso devem ser feitos para a passagem de fios nas luminárias. Em todos os casos, o detalhamento explicando a correta vedação de todas as tomadas e pontos de luz é essencial para o desempenho superior.
Em instalações maiores, no caso de prédios de apartamentos, condomínios verticais, o projeto dos sistemas de climatização (de ar condicionado) aparece com frequência. Os condicionadores de ar possuem um ruído específico que se não tratado pode causar incômodos aos moradores da edificação. O isolamento das máquinas do ar condicionado em relação aos cômodos de uma edificação também deve ser pensado.
Os dutos independentes propostos no projeto de climatização e até mesmo nos projetos de exaustores devem ser levados em conta na hora de pensar os forros acústicos e por onde esses dutos estão passando. Dessa maneira um detalhamento por parte dos projetistas tanto de climatização tanto da acústica facilita na hora da execução da instalação.
O projeto de interiores é o que diz respeito a estética e a ambientação das edificações. Para alinhar o projeto acústico nos interiores com a proposta de qualquer arquiteto de interiores é interessante pensar em como aproveitar as ideias dos materiais (madeira, gesso, espuma) para auxiliar no tempo de reverberação. Materiais com ranhuras e perfurações em madeira tratam da acústica se trabalhadas com lã por trás. Forros em gesso perfurado (rigitone) podem também dar uma boa ambientação em áreas comuns.
Conclusão – é importante saber sobre materiais, normas e a interface entre projetos complementares e que essa visão holística pode ser adquirida através de experiência no “campo de batalha”. Venha se inscrever no EPBA 6.0 um curso online com seminários técnicos e mais de 36 horas de conteúdo sobre acústica em edificações, que está com as vagas abertas para início da sexta turma dia 20/07. Saiba mais em: https://conteudo.portalacustica.info/epba-6-0-pre-inscricao
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