Como aplicar a norma de desempenho em edificações no quesito acústica
Válida desde 2013, a Norma de Desempenho NBR ABNT 15.575:2013 é composta por seis partes, as quais apresentam critérios de desempenho para garantir a qualidade de edificações habitacionais. São avaliados sistemas que compõem a edificação, tais como: o sistema estrutural, de piso e cobertura, o hidrossanitário e de vedações internas e externas. De caráter obrigatório, a norma de desempenho deve ser cumprida pelos diversos segmentos da construção civil, nas etapas de projeto, aprovação e execução. Neste artigo vamos explorar os requisitos no quesito acústica, um dos tópicos mais polêmicos.
Embasados pelo Código de Defesa do Consumidor, os proprietários das edificações podem cobrar das construtoras a entrega e manutenção das condições mínimas de desempenho garantidas pela norma, fator que demonstra a importância do cumprimento aos requisitos estabelecidos. Todo o setor profissional deve estar atento aos critérios e índices de desempenho, para, além da satisfação dos clientes, projetar fornecer serviços de qualidade aliados à edificações que não apresentem riscos aos usuários.
Desta forma, a Norma 15.575 é baseada em princípios de segurança no uso, contra incêndios, estrutural, e em sustentabilidade; definindo como critérios norteadores das condições habitáveis, a estanqueidade, a qualidade do ar, acessibilidade, o conforto tátil e o desempenho térmico, luminoso e acústico. Este último, essencial para a qualidade de vida dos usuários, deve ser observado em condições das vedações externas e esquadrias, em que a localização do lote do empreendimento será o fator determinante do mínimo a ser cumprido.
No cumprimento dos requisitos de desempenho acústico, os profissionais envolvidos no processo projetual e de execução como os Arquitetos, Engenheiros e outros técnicos com mão-de-obra especializada devem estar atentos à manutenção das condições especificadas no projeto e pelos fabricantes, garantindo que vazamentos de ruídos indesejados não aconteçam. Para tal, devem haver ensaios em laboratório das soluções e materiais escolhidos; controle e fiscalização dos parâmetros da execução; qualidade e treinamento constante da mão-de-obra envolvida. Ademais, outras normas de conforto acústico não devem ser descartadas com o estabelecimento da NBR 15.575, pelo contrário, devem ser reforçadas em seus procedimentos e aplicações.
A norma NBR 15.575:2013 estabelece que o desempenho acústico deve ser minimamente atingido nos sistemas de vedação externa e nas áreas comuns e privativas. Sendo assim, estes devem apresentar condições de isolamento para garantir os valores previstos na NBR 10.152:2017 para ambientes internos a edificação; controlando os níveis de ruídos de impacto, aéreos e provenientes de equipamentos (como motores de piscina, condensadores de ar condicionados, casa de máquinas, etc.). Através do estabelecimento dos níveis máximos e/ou equivalente padronizados, será possível atingir os patamares normativos com desempenho mínimo, intermediário ou superior.
No caso de pisos de áreas comuns ou privativas, a norma prevê o controle dos ruídos de impacto ao caminhar e ao utilizar os espaços (quedas de objetos, mudanças de layout, etc.), de maneira que ações como a inserção de material acústico entre o contrapiso e a camada estrutural, devem ser especificadas desde a etapa de concepção da obra. Nas vedações externas, internas e na coberta, o sistema adotado deve ser planejado de acordo com avaliações realizadas no local e no entorno imediato para especificar soluções que protejam e evitem o vazamento dos ruídos aéreos. Além disso, as esquadrias devem também atender aos requisitos de isolamento acústico para a necessidade da edificação e do usuário; cabendo aos fabricantes também estabelecer mudanças em seus procedimentos para garantir os valores normativos.
A norma 15.575:2013 também estabelece métodos e técnicas de medição das condições acústicas, informando critérios para uma avaliação de desempenho dos níveis sonoros na edificação (pisos, vedações e coberta), com base na NBR 10.151:1999 – Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade.
Para a avaliação do desempenho, recomenda-se dois métodos: o de Engenharia e o simplificado, para verificação dos ruídos aéreos e de impacto. No primeiro, são seguidos procedimentos rigorosos para obtenção do desempenho dos sistemas da edificação habitacional de acordo com a série ISO 140; e no segundo, seguem-se as indicações da norma NBR 10.052, sendo possível adotá-lo quando não há instrumentação necessária para a verificação do tempo de reverberação e a garantia de precisão na obtenção dos valores quantitativos.
Na medição do isolamento dos ruídos de impacto, são utilizados equipamentos de medição sonora em bandas de frequência dentro do recinto de estudo e uma máquina de impactos padronizada no recinto superior. A avaliação consistirá na comparação entre os valores da NBR 15.575-3 com o nível de ruído de impacto padrão padronizado, corrigido pela norma ISO 717-2. E na medição do isolamento dos ruídos aéreos (não apenas nos sistemas de pisos, mas também de vedações internas), são avaliados os níveis de pressão sonora em bandas de frequência no recinto de estudo, como fonte emissora, e no recinto próximo como receptor. A diferença entre ambos será convertida e padronizada por meio de procedimentos da ISO 717-1, para ser comparada com os valores de desempenho da NBR 15.575-3 “Sistemas de Pisos”.
É importante salientar que nas medições do isolamento dos ruídos de impacto, esquadrias devem estar fechadas; e no caso do isolamento dos ruídos aéreos, considera-se o uso normal (conversa, TV, som) e o uso eventual (áreas comuns e coletivas) para vedações internas, devendo ser avaliados as vedações externas aos dormitórios da edificação, bem como suas esquadrias.
No tocante às esquadrias, a norma as classifica como um ponto de maior atenção ao isolamento da vedação externa. Sendo recomendado o ensaio em laboratório, conforme a ISO 10.140-2, para o estabelecimento de parâmetros para o processo de projeto. A existência na vedação de diversos elementos como portas e janelas, indica a necessidade de ensaios para cada elemento e o cálculo do isolamento global do conjunto. E em relação à coberta, são considerados os valores de ruídos aéreos existentes no meio externo e de impacto quando há uso coletivo e de lazer.
E por último, na aplicação da norma NBR 15.575 atingindo o desempenho acústico, é importante verificar o isolamento das unidades habitacionais (em especial dos dormitórios) dos ruídos vindos de equipamentos de uso coletivo, como aparelhos hidrossanitários. As medições devem levar em consideração a posição dos equipamentos em relação aos espaços, respeitando-se o mínimo de desempenho exigido. Não são considerados os equipamentos acionados apenas em caso de emergência, nem aqueles inseridos pelo proprietário da unidade habitacional.
Para mais detalhes sobre como projetar vedações externas que atendam à norma de desempenho no quesito acústica clique aqui.
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