Qual forro acústico devo escolher para a minha igreja?
Igrejas e templos religiosos em geral são locais acusticamente voltados para a voz, mas nem sempre isso foi assim. Muito do estilo arquitetônico da igreja católica, com pé direito alto, teto abobadado e corredores largos foi pensado inicialmente para a música, mais precisamente os cantos gregorianos que ecoavam nas missas antigas. Esse estilo de música, com notas longas, era beneficiado pela arquitetura gótica, já que o formato das paredes e teto beneficiavam a propagação sonora no interior do recinto.
Hoje em dia, cultos e missas utilizam em sua grande maioria sistemas de amplificação sonora, com microfones e caixas de som, e as missas que um dia já foram cantadas, hoje são feitas através da fala. Apesar disso, a música não foi de todo esquecida. Bandas completas são elementos comuns dentro de uma igreja, fazendo o trabalho do engenheiro acústico ser, por vezes, bem desafiador. Igrejas antigas, ainda em arquitetura gótica, são um desafio ainda maior, já que a área disponível para tratamento acústico é escassa. Estátuas, ornamentos, vitrais e diversos outros elementos presentes fazem com que o projeto acústico precise ser muito bem pensado para aliar não apenas a boa acústica, mas também manter a estética do local intacta. Nesse tipo de ambiente o forro nem sempre é uma área que está disponível para tratamento, precisando o engenheiro recorrer a revestimento de pilastras, algum material acústico que possa ser utilizado nos bancos, criar elementos que possam se misturar aos elementos pré-existentes e ainda assim trazer conforto acústico, e até mesmo redimensionar todo o sistema eletro acústico do local.
Por outro lado, as igrejas modernas costumam ser um grande salão em formato de caixa de sapato, algumas vezes com alguma galeria ou mezanino, mas em geral com o forro liso, paredes e piso duros e algum elemento em madeira no púlpito. Esse tipo de arquitetura, quando não tratada costuma ter o tempo de reverberação bem elevado, em especial em baixas e médias frequências, de modo que a fala é muito prejudicada (a voz humana varia entre as frequências de 100Hz e 4kHz, porém há registros que extrapolam esses valores!).
Então afinal, qual melhor forro para a igreja?
Levando em conta que a comunicação entre o padre ou pastor deve ser ouvida com clareza pelo público, e que em algum momento haverá música, é preciso pensar em um projeto acústico que contemple a boa inteligibilidade da fala, com o controle do tempo de reverberação na região vocal e ao mesmo tempo permita que as notas musicais não se misturem e prejudiquem a experiência, sem esquecer, é claro, do isolamento acústico do local.
Caso um projeto misto não seja possível, é aconselhado projetar o forro para ser a principal superfície absorvente, visando a música que será reproduzida no local, mantendo as paredes duras e refletoras, para melhorar a propagação sonora ao longo de todo o recinto. O forro deve ser escolhido a partir de medições do tempo de reverberação do local, assim você consegue selecionar o modelo ou material que consiga absorver as frequências mais críticas. Existem alguns modelos de forros minerais ou de madeira que conseguem boa absorção sonora a partir de 125Hz. Priorize materiais ranhurados e perfurados, já que esse tipo de material tende a ter uma boa resposta em banda larga. É importante manter o tempo de reverberação constante a partir de 100 Hz e levemente mais alto abaixo disso, porém sem exagerar. Graves muito proeminentes irão comprometer toda a acústica do local.
Por fim, projeta-se o sistema eletroacústico para que a voz seja compreendida igualmente em todo o recinto. Filtros podem ser utilizados para manter algumas bandas de frequências controladas, em especial os graves , e caso a reverberação do local ainda seja um problema pode-se aumentar a quantidade de caixas de som, aproximando-as do público e diminuindo o seu volume, assim melhorando a relação sinal-ruído.
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