O que é Ruído de Fachada e Classe de Ruído
Quando falamos de fachadas de edificações está cada vez mais comum falarmos das diversas formas de ruído que chegam nessa fachada e de como podemos trabalhar da melhor maneira para diminuirmos a transmissão desse ruído para dentro dos recintos. Para isso é importante sabermos como realizar uma medição adequada, quais normas são recomendadas, e em qual classes de ruído essa edificação se encontra.
Antes de falarmos sobre questões de medição e classe de ruído é importante comentar que cada vez mais as cidades estão criando seus mapas de ruído com o objetivo de determinar valores de ruído urbano e de como esse afeta a cidade em si e seus habitantes. Resultados de mapas de ruído estão diretamente ligados aos valores imobiliários, pois é preferível vivermos em uma região da cidade com baixos valores de ruído do que em ambientes com altos valores de ruído e também à saúde das pessoas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) o ruido urbano é um problema de saúde pública, que pode ocasionar danos auditivos, como perda temporária e permanente da audição, zumbido e também problemas extra-auditivos como problemas cardiovasculares, insônia e desconforto. Mas como podemos classificar se estamos vivendo em um ambiente ruidoso ou não?
Classes de ruído
Para falarmos de fachadas de uma edificação, temos a NBR 15.575-4 que determina os sistemas de vedação vertical externa (fachadas). As fachadas são as paredes de separação do recinto para com o ambiente exterior. Tais fachadas devem garantir um desempenho acústico adequado em termos do ruído aéreo, ocasionado pelo tráfego de carros, motos, caminhões, aviões, trens, drones, etc. O desempenho acústico mínimo exigido em norma é função do ruído exterior, no entorno da edificação. Para isso, vamos deixar claro que uma fachada geralmente é constituída por uma parede, com suas diversas morfologias (sacadas, parapeitos, etc) e por uma esquadria. A esquadria em geral é o ponto mais fraco de isolamento acústico de uma fachada. Para um bom isolamento acústico, a esquadria acústica deve ter uma atenção especial durante o projeto da edificação, para evitar frustrações futuras. Em especial o calculo de isolamento acústico deve ser realizado considerando a classe de ruído.
A NBR 15.575 determina diferentes classes de ruído, e para cada classe de ruído foram determinados valores de desempenho mínimo, intermediário e superior. Podemos observar abaixo as diferentes classes de ruído que a norma menciona, para o parâmetro de medição D2m,nT,w (diferença padronizada de nível ponderada à 2m de distância da fachada).
O quadro nos mostra que existem três tipos de classe de ruído. Se tivermos uma habitação em uma área de ruído intenso ( Classe III)o desempenho mínimo da fachada deve apresentar no mínimo ou maior que D2m,nT,w = 30 dB.
Vale comentar aqui que além de medirmos o D2m,nT,w, podemos estimá-lo matematicamente a partir das propriedades dos diferentes elementos do sistema construtivo da fachada. As uniões e as geometrias afetam a transmissão sonora. Além disso, podemos realizar simulações com softwares específicos para determinar se o sistema projetado atende ou não ao requisito da norma. Há um artigo no nosso blog falando sobre o SonArchitect uma ferramenta usada para esse fim, clique aqui para ler.
Como avaliar o desempenho da fachada?
Primeiro ressalto que para realizar uma medição de perda de transmissão sonora de fachada não é uma tarefa fácil. Para as medições serem feitas de forma adequada, exige-se um conhecimento prévio do assunto, além dos equipamentos adequados. Um profissional capacitado, geralmente sendo um Engenheiro Acústico, ou também um Engenheiro Mecânico ou Engenheiro Civil especializado com mestrado são os profissionais ideais para avaliar o atendimento da norma de desempenho.
A NBR 15.575 indica dois diferentes métodos de medição, o método de controle e o método de engenharia. A precisão do método de controle é inferior, gerando maiores incertezas nos resultados. Por isso, recomenda-se a realização das medições pelo método de engenharia.
A metodologia de medição é especificada pelas normas ISO 140-5 (de engenharia) e ISO 10.052:2004 (simplificado). Ela é baseada na emissão de ruído do ambiente exterior em direção à fachada por uma fonte sonora controlada (alto-falante). A medição dos níveis de pressão sonora é avaliada em bandas de frequência no exterior da residência, a uma distância de 2 metros da fachada, e no recinto receptor, dentro do ambiente. Veja na figura abaixo o indivíduo na janela do primeiro andar colocando o sonômetro a 2 metros de distância da fachada.
A diferença entre esses níveis irá nos dar a Diferença padronizada de níveis (D2m,nT), considerando os efeitos de absorção do recinto receptor. É interessante observar que os erros metrológicos podem chegar a até 3 dB para esse índice conforme o método, segundo o IPT. Após a medição, o resultado pode ser convertido em um número único, através do procedimento existente na ISO 717-1. Assim, a diferença padronizada de nível ponderado é obtida (D2m,nT,w). Esse é o valor que deve ser comparado com o estabelecido na norma NBR 15575-4, de acordo com a classe de ruído. O resultado da medição dá como conclusão do laudo o desempenho acústico de fachada daquela edificação naquelas condições.
Além disso, está cada vez mais comum cidades possuírem seus mapas de ruído. Um mapa de ruído é importante pois influencia diretamente na valorização (ou desvalorização) de um imóvel. O ruído é um indicador da qualidade acústica de uma habitação, pois o cliente sempre irá optar por viver em um ambiente com mais conforto.
Um mapa de ruído pode ser útil para diagnosticar os problemas de uma região e se a norma NBR 10.151 de ruído em comunidades está realmente sendo eficaz. A NBR 10.151 estabelece os limites máximos de ruído de acordo com o zoneamento da região. Além disso, ela propõe um método de medição de acústica ambiental e indica quais critérios os equipamentos de medição devem atender.
Inovações tecnológicas em acústica ambiental
Além da forma de medição que mencionamos, já existem maneiras inovadoras de realizar um mapa de ruído, usando como por exemplo sensores IoT (Internet of Things) para criar modelos 3D de mais alta fidelidade, que podem capturar a dimensão dos edifícios com precisão de cerca de 5 cm. Você pode saber mais sobre Novos métodos de medição e modelagem de ruído ambiental, aliados à saúde ocupacional em um webinar exclusivo do Portal Acústica clicando aqui. E o mais interessante é que esses dados podem abastecer enormes data centers onde será possível realizar análises de Big Data para acionar alarmes, mecanismos de fiscalização ou até prever comportamentos e aplicar multas.
Devemos estar atentos às diferentes inovação tecnológicas para o cálculo do ruído de fachada, e cabe às construtoras e grandes ndústrias se adequarem a essas diferentes formas de medição para se prevenirem de problemas com a sociedade civil. O perfil dos profissionais necessários para esse tipo de trabalho está se mudando rapidamente. Portanto, para garantir a tranquilidade e saúde da população os órgãos públicos também devem fazer a sua parte, o que consequentemente vai gerar mecanismos mais fortes de fiscalização e por fim mais mobilização das empresas para investir em qualidade de vida.
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