Problemas de eco no salão de festas? O que eu preciso fazer?
Um dos problemas mais comuns que os clientes relatam ao pedir orçamento de um projeto acústico em salões de festas é que “o salão está com muito eco”, apesar de que muitas vezes esse não é o caso.
A primeira coisa que devemos fazer é entender a diferença entre reverberação e eco. Enquanto reverberação é o som que permanece no ambiente após a emissão, devido às reflexões sonoras que acontecem em todas as superfícies do ambiente, eco é a repetição sonora do som direto.
Vamos imaginar um grande salão em forma de caixa de sapato, uma pessoa, parada ao centro, grita com toda a sua força. O som emitido por suas cordas vocais, irá se propagar em diversas direções, partindo de sua boca, e irá refletir ao encontrar as superfícies do salão, como paredes, teto e piso. O que de fato ouvimos é o som direto, isto é, o primeiro raio sonoro a encontrar o nosso sistema auditivo e na sequência ouvimos as reflexões sonoras que reverberam no ambiente. O tempo em que permanecemos ouvindo essas reflexões sonoras é chamado de tempo de reverberação, e em geral é o parâmetro acústico que primeiro tentamos controlar em um projeto de salão de festas. Quanto mais tempo o som permanecer no ambiente maior é o tempo de reverberação do local. Diversos estudos são feitos em busca do tempo de reverberação ideal de um ambiente, e na bibliografia é fácil encontrar valores considerados ideais para um tipo de ambiente de acordo com o seu volume.
Em contrapartida, o eco é um fenômeno diferente da reverberação. Enquanto a sensação da reverberação é de continuidade e prolongamento do som emitido, o eco traz a sensação de um novo evento sonoro. O silêncio existente entre o som emitido e o segundo evento sonoro é o que caracteriza o eco. Isso acontece pois a primeira reflexão sonora é tão tardia que a sensação é de que o som foi reproduzido novamente por outra fonte sonora. Ambientes muito grandes e com poucas superfícies refletoras próximas a fonte podem ter esse tipo de problema. De fato, o eco é um dos problemas mais incômodos para o ouvinte e deve ser controlado de imediato.
E agora, seu problema era realmente eco ou reverberação?
Se a resposta foi reverberação, o principal método de controle é a instalação de materiais absorvedores acústicos. Para saber quais são os materiais ideias e onde instalar é preciso fazer um estudo caso a caso. A forma mais segura de acertar no projeto acústico é fazer a medição do tempo de reverberação in loco antes de especificar os materiais, já que dessa forma você conseguirá identificar quais as bandas de frequências precisarão de tratamento acústico. Materiais do tipo porosos, como espumas, são bons materiais para absorção acústica de altas frequências. Para médias frequências, materiais perfurados e ranhurados podem ser mais aconselháveis, enquanto para baixas frequências, ressonadores e absorvedores membranosos são as melhores escolhas.
Muitas vezes os salões de festa já contam com um projeto arquitetônico de interiores, de modo que a melhor escolha é alinhar o projeto acústico juntamente com os arquitetos, pois assim é possível escolher materiais acústicos que se adequem às ideias deles para o ambiente. Diversas empresas fornecem materiais absorvedores que variam desde forros de gesso e madeira perfurados, painéis de parede, nuvens acústicas, materiais porosos com cores, tipos e formatos variados, etc. Quando o projeto acústico e arquitetônico estão na mesma página, é possível criar os mais belos projetos com o condicionamento acústico ideal.
(Fonte: https://domingosdearquitetura.com/portfolio-items/salao-de-festa/)
Por outro lado, se a sua resposta foi eco, então o buraco é mais embaixo. A primeira coisa a se fazer é identificar a fonte da reflexão sonora tardia, isto é, qual, ou quais superfícies do local são responsáveis por refletir a onda sonora de modo que o som produza um eco.
Se for possível identificar a superfície problemática, então as possibilidades são de atacar diretamente o problema, instalando algum material acústico que absorva as bandas sonoras de interesse diretamente nessa superfície.
Caso a identificação não seja possível, então um projeto geral deve ser feito. Fazer a identificação dos modos acústicos da sala e qual é o tempo de reverberação ideal para o tamanho e tipo de fonte sonora que será reproduzida no local são os primeiros passos para o projeto de condicionamento acústico. Após isso, fazer a especificação de dispositivos difusores (materiais que espalham a onda sonora no ambiente) que devem ser instalados em locais estratégicos para a propagação sonora interna ser mais homogênea. Por fim, especificar os materiais absorvedores acústicos para controlar a reverberação.
Projetos acústicos raramente são uma receita de bolo. Cada caso é um caso, e saber identificar o problema, e também as soluções, são o que vai diferenciar um projeto acústico bem feito, de um projeto acústico mal feito, que só vai acarretar em custos de obras e renovações.
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