Ruído ambiental e Indústria 4.0
Qual é a diferença entre Sons e Ruídos? Sons são o objeto de estudo da acústica, sendo que os ruídos são sons interpretados como indesejáveis e que causam desconforto ao ser humano. Os ruídos são gerados pelo homem, através de atividades que possam envolver algum tipo de equipamento que emite os ruídos e interfere na paisagem sonora de uma região. O ruído pode ser industrial, rodoviário, ferroviário, aeroportuário, metroviário, ou até algazarras, entre outros.
Saber avaliar os ruídos em um grande centro urbano é fundamental para realizar um planejamento urbano adequado. Pode-se identificar onde é a melhor posição para a construção de um empreendimento imobiliário residencial, por exemplo. Lembrando que o planejamento prévio reduz custos e re-trabalhos, além de garantir mais eficiência. Em virtude disso, um manual gratuito foi elaborado pela Pro Acústica sobre Classes de Ruído. Esse manual visa auxiliar o profissional encarregado da caracterização da característica do ruído em uma área. Ele contém alguns mitos e verdades a respeito do assunto. Uma leitura essencial sobre o tema. Você pode conferir clicando aqui. Na minha visão o manual é informativo e dá pinceladas sobre a norma EN 12354, que normatiza o cálculo do desempenho acústico de um ambiente, baseado nos elementos construtivos de cada parede, teto e piso. Apesar de ser curto, o manual auxilia o entendimento do conceito de Classe de Ruído e foca no profissional de acústica, que é o principal responsável por identificar a Classe de ruído, e com isso definir os critérios mínimos de desempenho acústico de uma edificação. Vale ressaltar que os níveis máximos de ruído de fachada são dependentes desta classe de ruído em uma edificação, e a norma NBR 15.575 é que permite estabelecer o mínimo de desempenho necessário para garantir a qualidade da mesma.
No vídeo a seguir, Pablo Serrano, fundador do Portal Acústica, explica como a cidade de Manchester (UK) se planeja com base no ruído ambiental gerado:
Podemos também pensar na questão do planejamento urbano com base em novos conceitos de IoT (Internet of Things). Vejamos o caso dos mapas de ruído. Se tivermos sensores acústicos espalhados pela cidade, podemos utilizar comunicação sem fio para transmissão dos dados e consequente mapeamento em tempo real. Isso pode disparar gatilhos que identifiquem atividades poluidoras imediatamente. Caso esses equipamentos sejam integrados a atuadores, quem sabe seja até possível realizar mascaramentos de ruídos ao se valer de transdutores instalados em locais estratégicos da cidade.
Enfim, a IoT é somente um dos elementos da Indústria 4.0, que atualmente é conhecida como a revolução da comunicação e do conhecimento. Existem sistemas de baixo custo para implementação de sistemas eletrônicos com alto grau de conectividade e controle. Desta forma, precisamos pensar nossas cidades como Smart Cities, onde ela mesmo se auto diagnostica e atua de forma a autônoma. Se existem carros autônomos hoje em dia, as cidades autônomas são somente uma questão de escala. E isso não se restringe à acústica! Imagine sistemas detectores de odores, de fumaça, de luminosidade, precipitação, e outros interligados e arquivando imensas quantidades de dados. Esse é o grande desafio dos dias de hoje, conseguir projetar com base no passado, mas observando tendências e estimativas calculadas com base em dados de sensores reais. Não teremos mais arquitetos e urbanistas que decidem com base em achismos ou observações supérfuas, mas sim baseados em históricos e comportamentos da região. Isso permite avaliar impactos e elaborar planos de contingência mais acertados, por exemplo nos casos de evacuações de áreas em caso de desastres naturais.
Como conclusão, segue a dica de estudo sobre IoT, Big Data e Mapeamento de Ruído. Juntos, esses elementos são essenciais para os profissionais que atuarão neste mercado da Indústria 4.0 que logo estará recrutando mais profissionais.
Gostou do Post? Comente e faça parte da nossa comunidade. O próximo Webinar de discussão sobre “A valorização do profissional de arquitetura e engenharia acústica no Brasil”, com a Professora Stelamaris Bertoli é dia 23/05, às 20h. Inscreva-se clicando aqui!
Trackbacks & Pingbacks
[…] NR-15 traz todas as atividades insalubres, incluindo as questões relacionadas ao excesso de ruído e […]
[…] Certamente uma tendência em todas as grandes cidades, assim como São Paulo decretou, é a criação de mapas de ruídos para orientar a construção civil e reduzir o stress da população. O poder público terá agora muito mais condição de realizar melhorias e controlar as poluições sonoras. Esse é um projeto ambicioso e que contempla a colocação de diversos medidores de som em toda a cidade. Tais medidores ficam por horas, e as vezes diversos dias ligados, guardando informação. O melhor mesmo seria ter essa informação em tempo real, gerando um histórico massivo de dados. Mas, imagine, numa cidade como São Paulo, a quantidade de dados absurda que seria gerada durante a aquisições de dados. Imagine agora isso sendo guardado por anos, permitindo análises complexas de evolução da poluição sonora por bairro ou região. Falo mais sobre isso em um outro post que você pode conferir aqui. […]
Deixe uma resposta
Want to join the discussion?Feel free to contribute!