Acústica urbana e big data
Cuidar dos ruídos é fundamental para o conforto sonoro em grandes cidades. Mas, como se melhora a qualidade acústica urbana? Para isso, planejamento urbano é fundamental. Ou seja: alocar áreas específicas para residências, zonas industriais, espaços de lazer coletivos, etc. Os planos diretores das cidades devem, portanto, ser formatados tendo em consideração todas as disciplinas, inclusive a acústica. Cidades como Fortaleza e São Paulo já se deram conta desta necessidade. Essas cidades já têm um mapa de ruído em elaboração e com isso o poder público pode planejar baseado em dados e históricos.
Barcelona, por exemplo, conseguiu manter o seu centro silencioso, mesmo próximo de uma área possivelmente barulhenta. Em visita à cidade, Pablo Serrano nos conta como a gestão do município levou em consideração seu relevo e outras características para o planejamento da acústica urbana. Veja:
Podemos também notar que novas tecnologias de big data serão essenciais para se armazenar e gerir dados de estações de mapeamento acústico. Essa é a nova forma de ver o mundo, com sensores de diversos tipos sendo instalados por toda a cidade gerando volumes gigantescos de dados. Imagine um departamento de polícia que contém o monitoramento de mais de 100 instrumentos de medição acústica por toda a cidade, coletando dados referêntes a intensidade sonora. Se pudermos estabelecer critérios para emitir alertas, ou ainda, para avisar sobre eventos fora do convencional, com certeza não teremos mais que ligar para a polícia para reclamar dos vizinhos!
É claro que isso passa por diversas discussões legais e por questões de implementação e de segurança. Aqui no Brasil ainda é complicado colocar equipamentos caros em algumas localidades, sem correr o risco de furtos e vandalismos. Entretanto, é altamente factível construir um sistema inteligente de mapeamento sonoro em tempo real que produza históricos e permita avaliações estatísticas e sazonais quanto ao ruído, em qualquer região que seja.
Um exemplo seria avaliar os níveis de ruído em um bairro com potencial turístico, durante e fora da alta temporada. Contudo, poderiam-se realizar medidas de controle para evitar reclamações durante períodos de festas ou manifestações populares, que causam grande poluição sonora.
Bom, atualmente existem sistemas de mapeamento acústico bastante avançados que permitem monitorar uma estação de medição à distância, acompanhando os resultados pela internet. Mas o histórico durante um grande período de tempo quase nunca é requerido pelos contratantes. Isso tende a mudar, observando a tendência de mais sistemas de big data virem ao mercado. E as grandes vantagens ao meu ver são:
- Acompanhamento do aumento ou diminuição global da poluição sonora
- Monitoramento da saúde dos trabalhadores (explosões em pedritas, máquinas em indústrias)
- Identificação e caracterização de eventos potencialmente perigosos (explosões, trovoadas, progação de alertas sonoros)
- Controle da aplicação das leis (limites estabelecidos em normativas, conforme zoneamento)
Finalizando, novas tecnologias baseadas em internet das coisas, big data e análise estatística são hoje possíveis. Tais tecnologias podem ser integradas em sensores com conexão à internet, e que, continuamente, adquirem informações acústicas de cidades. O uso dos dados pode ser dos mais variados, por exemplo para estudo, para monitoramento, para controle ou, ainda, para prevenir avanços da poluição sonora, conforme tendências baseadas em históricos. Para tal, teremos que preparar melhor nossos profissionais para tratar grandes volumes de dados. Tais profissionais devem ser capazes de manusear dispositivos industriais e que permitam acesso à internet de maneira segura e confiável.
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