Acústica Ambiental – O que é?
VOCÊ SABE DO QUE TRATA A ACÚSTICA AMBIENTAL?
Acústica ambiental é um ramo de engenharia acústica que estuda o ruído ambiente de modo a tratá-lo, combatendo seus efeitos negativos. É dever do engenheiro acústico conhecer técnicas que possibilitem condicionar a fonte sonora, o meio de propagação ou o receptor de maneira que o ruído não seja prejudicial à saúde. Com o crescente aumento da poluição sonora global o engenheiro acústico se faz cada vez mais necessário no controle do ruído urbano de maneira a melhorar a qualidade de vida do ser humano.
PROBLEMAS RELACIONADOS AO RUÍDO
O corpo humano é sensível a diferentes formas de estímulo, sendo um deles o som. Dessa forma um som intenso e/ou prolongado pode ser prejudicial a saúde, causando além de desconforto, problemas ocupacionais sérios.
Som, a grosso modo, trata-se de vibrações mecânicas de partículas do ar que chegam ao tímpano e são traduzidas em som no cérebro, porém, para que isso aconteça existe um longo processo que se inicia na orelha externa. No meio desse processo está um órgão chamado cóclea, nele, pequenas células ciliadas são responsáveis por dividir as vibrações por frequência. Ficou confuso? Bom, pode-se dizer que a cóclea quebra o som em pedacinhos, para facilitar a tradução no cérebro. Acontece que sons agudos são traduzidos em um extremo da cóclea, enquanto sons graves em outro extremo da mesma, de maneira que qualquer som passe pela região de alta frequência (sons agudos). Isso é suficiente para que no decorrer dos anos a região de alta frequência canse a ponto de perder cílios e com isso a audição. Agora pense que durante todo o dia o corpo está exposto a altas doses de ruído. É fácil deduzir que rapidamente a audição será prejudicada a ponto de não ouvir grande parte do espectro sonoro, ou até mesmo nenhum som em casos de traumas ocasionados por altas doses sonoras ou ainda impulsos (explosões) de alta intensidade.
O crescente aumento da poluição sonora em centros urbanos é preocupante devido a isso. O ruído constante a que estamos expostos, e tão acostumados, é prejudicial a curto e longo prazo, mesmo que por vezes não percebamos. Aquela dor de cabeça repentina, tonturas, náuseas, estresse, além de muitos outros efeitos, podem ter causa na exposição à alta dose de ruído. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a boa percepção do som é de suma importância para o bem estar humano e os efeitos negativos provindos do ruído podem ser descritos como uma mudança na fisiologia de um organismo que resulta na deterioração da sua capacidade funcional.
RUÍDO AMBIENTAL
Sem dúvida alguma o ruído rodoviário é uma das principais fontes da poluição sonora. Existem diversas marcas, modelos, e tamanhos de automóveis, sendo que cada um tem um ruído específico. Esses ruídos interferem na a paisagem sonora do local, e por conta disso devemos tentar minimizar a poluição sonora. Em geral, esse ruído é medido com o auxílio de um sonômetro que irá captar o som em diversos pontos do espaço, em intervalos de tempo determinados por configuração ou manualmente, e por fim será feito o cálculo do som durante um intervalo de tempo, o qual chamamos de um nível de pressão sonora equivalente. Outra maneira de avaliar o ruído ambiental é tentar estimar o ruído do local sabendo a quantidade e porte dos automóveis que passam na região. Importante salientar que o estudo deve ser feito com cuidado, pois qualquer ruído atípico (obras, passagem de avião, sirenes…) irá causar erros no estudo que gera um mapa de ruído.
Uma ferramenta poderosa para avaliação de ruído urbano, o mapa de ruído, visa avaliar o ruído ambiental urbano em diversos pontos da cidade. Esse mapa permite investigar locais em que é necessária intervenção. Nele é avaliado o nível de pressão sonora ponderado em A durante vários momentos ao longo do dia, e então é calculado o nível de pressão sonora equivalente, Lden (dia e noite). Em outras palavras, mensura-se a média de ruído ao qual os ouvintes estão expostos ao longo do dia. Existem diversos softwares que constroem mapas de ruído através de dados de entrada, como o CadnaA, SoundPLAN e iNoise.

Embora muito utilizado na Europa, apenas recentemente essas ferramentas passaram a ser utilizadas com mais propriedade no Brasil. Os casos de maior sucesso são o mapa de ruído urbano de Fortaleza-CE, conhecido como Carta Acústica de Fortaleza, e o mapa de ruído de São Paulo, que é recente, de 2018.
A norma brasileira NBR 10151 editada pela ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – fornece valores máximos permissíveis de ruído em ambientes externos que servem como critério de avaliação em diferentes tipos de áreas (residencial, industrial, mista…). Os valores são divididos entre diurnos e noturnos, onde os períodos podem ser definidos de acordo com os hábitos da população, porém é recomendado que o período noturno não comece após as 22h e termine antes das 7h; exceto em domingos e feriados quando o período noturno se estende até as 9h da manhã.
Tabela 1 – Nível de critério para ambientes externos, em dB(A). Fonte: NBR 10151 versão 2000
Tipos de áreas | Diurno | Noturno |
Áreas de sítios e fazendas | 40 | 35 |
Área estritamente residencial urbana ou de hospitais e escolas | 50 | 45 |
Área mista, predominantemente residencial | 50 | 45 |
Área mista, com vocação comercial e administrativa | 60 | 55 |
Área mista, com vocação recreacional | 65 | 55 |
Área predominantemente industrial | 65 | 55 |
MÉTODOS DE CONTROLE DE RUÍDO AMBIENTAL
Existem diversas ferramentas e métodos que possibilitam a modelagem do ruído ambiente de forma computacional e medição dos níveis de ruído. Muitas vezes ao mudar o pavimento o ruído já diminui, ou seja, a granulometria e a composição do asfalto podem ser determinantes no ruído de rolagem dos pneus. A diminuição da velocidade de tráfego na rodovia altera significativamente o nível equivalente de ruído. Outras medidas como a restrição de veículos pesados em certas ruas também altera significativamente os níveis de ruído rodoviário. Além disso, pode ser necessário um tratamento de ruído que envolve ações mitigatórias como: barreiras acústicas ou até mesmo distribuição de janelas anti-ruído aos moradores de certa região por parte do poder público. Nos casos mais extremos de indústrias é necessário um programa de prevenção a audição, o qual pode envolver a escolha de protetores auditivos específicos nas áreas dentro e fora dos galpões industriais. É sempre bom fazer uma avaliação com um engenheiro acústico ou de segurança do trabalho para avaliar quais medidas são necessárias para evitar que o som prejudique os trabalhadores e chegue até as áreas habitadas no entorno.

Você já conhece o iNoise? Ele é o software gratuito da DGMR que faz a modelagem de ruído industrial com fontes sonoras de diversos tipos e cria mapas de ruído em instantes. Ele utiliza a ISO6913 e possui algumas ferramentas práticas que auxiliam no cálculo de descritores, ponderações e cálculos de potência sonora de fontes baseados em níveis de pressão sonora. Fizemos um curso à distância para você conhecer os termos técnicos sobre acústica ambiental no qual abordamos a ISO9613 e como usar o iNoise através de tutoriais práticos. Adquira agora nesta página!
REFERÊNCIAS
BERGLUND, Birgitta; LINDVALL, Thomas; SCHWELA, Dietrich H. (Ed.). Guidelines for community noise. World Health Organization, 1995.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, A. B. N. T. NBR 10151. Acústica-avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade-procedimento. 2000.
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