Tratamento acústico para salas de ensaio: Critérios de tempo de reverberação
Se você quer saber como aplicar tratamento acústico para salas de ensaio e transformar os espaços de educação musical, este texto é para voce!
Nesse artigo vamos falar sobre a importância da acústica em estúdios de ensaio, quais são os parâmetros que influenciam o tempo de reverberação e como calcular de acordo com a ISO 23591.
Para te ajudar a entender o procedimento de cálculo, montamos uma planilha simples e gratuita. Você pode acessá-la aqui , fazer uma cópia e usar à vontade.
A prática leva à perfeição
Ir a um concerto e apreciar uma boa música que arrepia os ouvidos e acompanhar é o resultado de muitas horas de esforço, tanto individual, quanto coletivo. Afinal, muito ensaio é necessário para executar uma peça musical, ou o setlist de uma banda, por exemplo.
A necessidade da prática está presente em qualquer atividade, seja ela artística ou técnica; simples ou complexa. Quanto mais você faz, melhor você faz. Entender a prática e todos os seus detalhes é o que permite a criatividade circular e personaliza processos.
Um bom exemplo são os músicos de Jazz. Além dos anos de estudos teóricos necessários para compreender a construção dos clássicos, esses musicistas devem praticar constantemente esse repertório de clássicos. Só após entender os acordes, a estrutura e a progressão harmônica, é que é possível encaixar as peças da criatividade, expandindo os acordes, invertendo progressões e improvisando em escalas complementares.
A prática deve ser levada a sério. Porém, a experiência não deve ser um fardo, e sim agradável aos sentidos. E a qualidade sonora é um fator primordial para isso. Tanto a qualidade do instrumento quanto a acústica adequada beneficiam o ensaio. O som vem mais limpo e agradável. E assim fica mais fácil perceber os erros.
Assim, pode-se afirmar que os ensaios e aulas de música devem ser realizados em ambientes balanceados entre um bom tratamento acústico e instrumentos de boa qualidade. O benefício no aprendizado e na melhora da prática será evidente.
Mas como projetar esse tratamento acústico?
Mirando no melhor tempo de reverberação
Para apontar o tempo de reverberação adequado para um sala de ensaio, primeiro é necessário compreender quem vai ensaiar naquela sala. Um único instrumentista e seu professor? Um pequeno coral? Uma banda?
Na ISO 23591 é possível encontrar algumas classificações quanto ao instrumento e ao ambiente.
Instrumentos amplificados por algum sistema de reforço entram em uma classificação única, seja microfonado ou plugado direto no amplificador. Os instrumentos acústicos são classificados de acordo com sua potência: forte como pianos e metais, ou fracos.
Os ambientes dependem basicamente do seu volume e capacidade máxima. Uma sala pequena, por exemplo, deve possuir entre 60m³ a 200m³, comportando até 6 pessoas.
Para projetar o tempo de reverberação acústica adequado para cada situação, o projetista pode utilizar da seguinte equação:
- V é o volume da sala
- ™ é o tempo de reverberação médio entre 500 Hz e 1000 Hz
- As variáveis a e b são constantes que dependem da condição de uso de acordo com a tabela.
Tabela de constantes de acordo com o tipo de instrumento e os limites do volume da sala. LI = Limite inferior; LS = Limite superior
Ao observar a tabela é importante notar como instrumentos acústicos possuem constantes maiores, e consequentemente maiores tempos de reverberação. Isso ocorre devido à potência dos instrumentos. Instrumentos acústicos fracos, por exemplo, necessitam de um maior suporte da sala – dado pela reverberação do ambiente.
O tempo de reverberação é um parâmetro que depende da frequência. Variações ao longo do espectro são percebidas. Inclusive o ideal é que existam valores maiores em frequências mais baixas, conforme os limites estabelecidos na norma.
Para entender melhor essa equação, desenvolvemos uma planilha básica, que está disponível gratuitamente aqui. Nela é possível observar a influência dos parâmetros: volume, tipo de instrumento e tipo de ambiente.
Considerando acústica variável
A discussão para encontrar a solução ideal para uma única condição de uso de sala é válida, porém não é prática. É inviável ter, por exemplo, uma escola de música comportando salas de ensaios para cada tipo de instrumento. Entra em cena, então, a acústica variável.
A sala que comporta o instrumento amplificado, com tempo de reverberação reduzido, não comporta um ensaio de coral. Por isso, técnicas de acústica variável são essenciais para um melhor aproveitamento do espaço.
Considere projetar o ambiente para contemplar a maior quantidade de condições de uso. Cobrir absorvedores com materiais refletores ou vice-versa, por exemplo, pode abrir o leque de opções da sala. Projetar para o limite inferior de acústica forte, por sua vez, permite atingir o limite superior de instrumentos amplificados. Esses são alguns dos detalhes que o projetista pode explorar com criatividade, após um pouco de prática.
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