Isolamento acústico X absorção sonora: quando usar cada revestimento acústico de forma sustentável
Alguns artigos do portal abordam as diferenças entre o isolamento acústico e a absorção sonora, conceitos estes que juntos compõem o processo de tratamento acústico de um ambiente. Você pode ver mais sobre estes conceitos no artigo Materiais acústicos: o mercado e o desempenho acústico, publicado no Portal dia 19 de setembro de 2018 pelo link> https://portalacustica.info/materiais-acusticos-o-mercado-e-o-desempenho-acustico/.
Nós também abordamos a importância cada vez mais frequente da utilização de materiais e sistemas sustentáveis nas construções, agregando qualidade e eficiência às edificações. Veja mais no artigo: ACÚSTICA SUSTENTÁVEL – MITO OU REALIDADE? publicado no Portal no dia 12 de dezembro de 2016.
Nós também abordamos a importância cada vez mais frequente da utilização de materiais e sistemas sustentáveis nas construções, agregando qualidade e eficiência às edificações. Veja mais no artigo: ACÚSTICA SUSTENTÁVEL – MITO OU REALIDADE? publicado no Portal no dia 12 de dezembro de 2016. Neste artigo, apresentamos os materiais de absorção como o aglomerado de cortiça expandida, utilizado principalmente na Europa, a manta acústica Sound Soft da Aubicon, a manta acústica Isosoft Piso feita a partir de lã de poliéster, o Ecofiber floor, da empresa Ecofiber ou ainda a manta acústica FlexSilenzio (produto composto por polietileno expandido, 100% reciclável, a ser aplicado entre a laje e o contrapiso de edificações) da empresa Acital. Também mencionamos a utilização de outros materiais, ainda pouco utilizados no mercado, que estão sendo investigados em pesquisas acadêmicas: é o caso dos materiais feitos a partir das fibras de bananeira e coco, que fornecem boa absorção acústica. Ainda que vantajoso do ponto de vista financeiro e ambiental, infelizmente ainda são soluções pouco utilizadas pelo setor da construção civil brasileira.
Nós também publicamos um artigo falando sobre as vantagens da utilização da lã de PET, material de isolamento termo acústico largamente utilizado por empresas como a Trisoft, composto 100% de fibras de poliéster – material proveniente da reciclagem de garrafas PET –, perfeito para projetos com comprometimento ecológico. Veja o artigo “Lã de PET: o que é? Como usar?” publicado no dia 14 de janeiro de 2019 no blog do Portal Acústica. Acesse o link: https://portalacustica.info/la-de-pet-o-que-e-como-usar/
Valendo lembrar que os produtos desenvolvidos pela TRISOFT (forros, painéis e sistemas de parede, baffles de teto, mantas, nuvens e outros) conciliam acabamento estético e desempenho acústico a partir de soluções sustentáveis.
Fonte: https://www.segs.com.br/info-ti/117682-trisoft-isolamento-acustico-em-consultorios
Neste artigo, vamos dar continuidade ao assunto e conhecer mais detalhadamente os sistemas e materiais de isolamento e condicionamento acústico disponíveis no mercado e compreender até que ponto podemos considerá-los produtos sustentáveis. Mas o que queremos dizer por produtos sustentáveis? Quais são os parâmetros que indicam se determinado produto ou tecnologia é sustentável ou capaz de causar menos impacto ao meio ambiente?
A consciência ambiental nas etapas de extração da matéria prima e fabricação é tão fundamental quanto a eficiência no uso e operação, compondo a cadeia estrutural determinante para a redução dos impactos ambientais. Neste sentido, para saber se um material é sustentável ou não, precisamos ter conhecimento de aspectos como:
Informações sobre a matéria-prima do produto: é virgem ou reciclada? Como foi extraída? Trata-se de um recurso renovável?
Informações sobre o processo produtivo do material: apresenta baixo consumo de energia? E de água? O processo é poluente? A atividade produtiva gera resíduos?
Além disso, deve-se saber se o produto é poluente quando em contato com o meio ambiente, se sua instalação e manutenção geram resíduos, como ocorre a logística de distribuição do produto, se possui algum tipo de certificação ou selo ambiental.
De uma forma geral, os parâmetros de análise também se baseiam na qualidade do produto (garantia da saúde e bem-estar), eficiência, preço, durabilidade; parâmetros estes que vão em paralelo com a redução dos impactos ambientais (minimização dos efeitos da mudança climática, gerenciamento do desperdício, preservação dos recursos naturais e redução do consumo energético).
Alguns exemplos de materiais sustentáveis
Fonte: https://www.formuswithlove.se/work/acoustic-panels/
A empresa sueca BAUX desenvolve produtos acústicos sustentáveis a partir de 3 elementos: madeira, água e cimento. O produto, chamado BAUX Acoustic Wood Wool (lã de madeira), é 100% reciclável e possui propriedades como: resistência a umidade (favorecendo o conforto térmico e a saúde dos usuários em ambientes fechados), armazena e libera calor ao ambiente (trocas térmicas), contribuindo para o racionamento de energia e otimização de custos. Do ponto de vista acústico, as propriedades de absorção do material resultam na redução das reflexões sonoras, podendo ser utilizados em edificações de diferentes usos (habitacionais, industriais, espaços públicos etc.). O material também apresenta resistência ao fogo e não produz poeiras ou partículas de madeira, proporcionando espaços com higiene. O gráfico de absorção por frequência indica que o material possui um desempenho melhor para frequências da voz humana (500Hz – 4kHz), podendo ser aplicado em escritórios, escolas etc. Estes valores aumentam quando se preserva uma cavidade de ar entre a parede/laje e os painéis acústicos BAUX.
Gráfico 1: Coeficientes de absorção por frequência dos painéis BAUX
Fonte: site BAUX
Outros produtos, como aqueles produzidos pelas marcas OWA e KNAUF AMF, são confeccionados segundo critérios técnicos rigorosos. Os forros e painéis de fibra mineral OWA e KNAUF AMF são biossolúveis, produzidos a partir de matérias-primas naturais, atendendo aos requisitos da construção sustentável, não oferecendo risco à saúde, e sendo aplicáveis inclusive em áreas altamente susceptíveis, como hospitais, berçários ou escolas.
A OWA, primeira empresa a receber o selo sustentável “BLUE ANGEL” para materiais de construção de baixa emissão, possui produtos que não agridem ao meio ambiente, podendo ser 100% reciclados ou descartados em aterro comum, além de serem livres de formaldeído ou quaisquer materiais nocivos. A empresa conta com diversas premiações e certificados de qualidade, como o E.ON Award 2007 – Prêmio para Empresa Sustentável Inovador Processo Produtivo com Sistema de Reaproveitamento de Energia foi premiado pela Associação de Energia da Alemanha, TUV ISO 9001 – Certificado de Qualidade, TUV ISO 14001 – Certificado de Gestão Ambiental, TUV BS OHSAS 18001 – Certificado para Sistema de Saúde Ocupacional e Segurança do Trabalho.
Fonte: http://www.owa.com.br/produtos/forros-minerais-owa/
Os painéis de fibra mineral da KNAUF AMF são produzidos na Alemanha pela Knauf AMF a partir de matérias-primas naturais e biossolúveis como lãs minerais, argila, perlita, aglomerantes orgânicos, celulose e aditivos, através do processo industrial denominado wetfelt. Este processo consiste na modelagem da matéria em meio úmido com posterior extração da água para que o produto ganhe a rigidez necessária.
Não apenas materiais de condicionamento acústico (materiais de absorção), como também os materiais de isolamento (sistemas de vedação, como portas, paredes, lajes de piso e teto) devem atender aos requisitos ambientais em prol da construção sustentável. No caso das vedações verticais internas, tem-se a utilização predominante pelo setor da construção civil no Brasil da alvenaria, sendo o Drywall um sistema que vem pouco a pouco ganhando espaço. Do ponto de vista ambiental, qual dos dois gera mais impacto ao meio ambiente?
Fonte: https://www.knauf.co.uk/systems-and-products/systems
O uso de paredes em Drywall no setor da construção civil brasileira é cada vez mais frequente, trazendo soluções eficientes em termos de desempenho acústico, já bastante utilizados em ambientes que demandam agilidade na instalação e manutenção, como ambientes corporativos.
Para entender melhor a diferença entre os dois sistemas, leia nosso artigo “Isolamento acústico – Lei da Massa”, publicado no dia 8 de abril de 2019. Neste artigo explicamos melhor a Lei da Massa, que caracteriza os sistemas de alvenaria, e os sistemas massa-mola-massa (que caracterizam as paredes em Drywall).
As soluções eficientes em sistemas de Drywall correspondem aos sistemas com maior quantidade de chapas, o espaçamento entre elas, bem como da utilização de material absorvente para preenchimento das cavidades de ar. O preenchimento das cavidades para melhor desempenho acústico pode ser feito com lã de PET que, como dito anteriormente, é um material sustentável. A construção em Drywall é considerada uma tecnologia de baixos impactos no meio ambiente. Entenda os motivos:
A tecnologia de construção a seco, que caracteriza os sistemas em Drywall, não utiliza água na montagem das vedações: as placas de gesso acartonado são aparafusadas em perfis metálicos que já vão prontos para a obra, podendo ser montados e instalados com maior agilidade e rapidez. Além disso, o uso de paredes em Drywall permite construções mais limpas em relação à execução de paredes convencionais. Ao gerar menos entulho do que a execução de paredes em alvenaria, por exemplo, a execução de paredes em Drywall diminui a necessidade da coleta e transporte do material ao longo da obra. Além da geração de entulhos em menor quantidade, os resíduos gerados (restos de chapas e perfis estruturais de aço) podem ser recicláveis.
A possibilidade de reciclagem agrega valor ao produto enquanto material sustentável. Os restos de perfis de aço podem ser reaproveitados pela indústria metalúrgica, enquanto as chapas em Drywall podem ser reaproveitadas no processo de produção do cimento, por exemplo. A solução de reciclagem e reutilização dos resíduos do gesso é importante, tendo em vista que a disposição inadequada do material em aterros sanitários comuns pode ter impactos acentuados no meio ambiente: o material, constituído de sulfato de cálcio di-hidratado, torna-se tóxico para o meio ambiente quando em contato com o oxigênio da água, devido ao processo de oxidação. Além disso, a incineração do gesso também pode produzir o dióxido de enxofre, um gás tóxico. Tendo em vista o potencial tóxico deste material ao meio ambiente, é importante estabelecer programas de gestão nos canteiros de obras para reciclagem dos resíduos de gesso.
Ainda assim, o gesso é considerado um material “ecologicamente correto”, pois quando comparado com materiais usualmente utilizados na construção civil (como a cal e o cimento Portland), pode ser obtido a temperaturas mais baixas (em torno de 140ºC), enquanto os demais necessitam de temperaturas de calcinação muito acima dos 140ºC, além de liberarem CO2 para a atmosfera.
No período pós-obra, a tecnologia em Drywall proporciona facilidade em manutenção e reparos: o acesso às tubulações hidráulicas, instalações elétricas e encanamentos embutidos nas paredes em Drywall é feito a partir de aberturas nas chapas de gesso que podem, após o reparo, ser facilmente fechadas. Tal como o processo de montagem, a manutenção caracteriza-se por um processo limpo, com poucas sobras de resíduos e pouco material descartado. Neste sentido, o gesso mais uma vez sai ganhando em termos de praticidade durante a operação da construção, auxiliando mudanças e obras de ampliação.
E como estamos falando de sistemas de isolamento, vamos falar um pouco sobre a questão ambiental associada ao sistema de vedação externa que foi o tópico do último artigo publicado no Portal: as janelas. Para quem não leu o artigo “Janelas acústicas – Vale a pena?”, segue o link para o artigo.
A tecnologia de fabricação de vidros vem evoluindo ao longo dos anos. As indústrias de fabricação de vidro vêm adaptando seus processos produtivos para que sejam observados aspectos importantes como a geração de energia limpa e a diminuição da emissão de gases poluentes para a atmosfera. O vidro é um material com alto potencial de aproveitamento, podendo ser 100% reciclável. Além disso, os vidros contribuem para as construções sustentáveis: os vidros de proteção solar, por exemplo, são capazes de barrar até o excesso de calor no ambiente e os raios UV. Desta forma, contribuem para a redução do consumo de ar-condicionado e da iluminação artificial, resultando na racionalização de energia no uso e operação das edificações. As esquadrias também têm papel importante na determinação do quão sustentável pode ser uma edificação. As esquadrias de PVC, por exemplo, são consideradas “ecologicamente corretas”, devido ao policloreto de vinila se tratar de um termoplástico originado de matérias-primas e insumos sustentáveis.
Ao especificar materiais acústicos para o seu projeto, é importante conferir detalhes sobre o fabricante, para verificar se está em dia com o meio ambiente. Ficou com dúvidas sobre qual material especificar para o seu projeto? Quer saber mais sobre as tecnologias, produtos e materiais sustentáveis disponíveis no mercado? Fale conosco: deixe seu comentário ou envie um e-mail para contato@portalacustica.info !
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