Mitos e verdades sobre isolamento acústico
Bloquear a passagem de ruídos de um ambiente para outro é essencial para garantir o conforto sonoro e a eficiência de um projeto acústico. Por isso, o isolamento acústico é um dos principais pontos a ser abordado no estudo e no trabalho do profissional da área.
Mas a questão do isolamento acústico gera uma série de dúvidas tanto por parte de quem contrata o serviço, quanto de quem vai executar o projeto. Afinal, qual o melhor revestimento interno? Qual a necessidade de especialização na área? Materiais alternativos funcionam?
Para responder as dúvidas mais comuns, vou abordar ao longo deste artigo alguns mitos e verdades sobre isolamento acústico e também sobre a escolha e aplicação de materiais, a Lei da Massa e a necessidade contar com um profissional capacitado em acústica.
Isolamento acústico vai além do revestimento interno
✔️ VERDADE. O isolamento acústico não está ligado necessariamente aos revestimentos internos. Não existe um material “melhor” que vai resolver todos os problemas de isolamento.
O que existe é uma combinação de materiais, que varia de acordo com as características do projeto, e que vai fazer com que o sistema tenha um desempenho desejado.
Leia também: Qual tipo de revestimento acústico escolher?
Isopor é um isolante acústico?
❌ MITO. O isopor não tem propriedades adequadas para o isolamento acústico. Trata-se de um material que possui poros fechados e que, portanto, pode servir como um material para isolamento térmico, mas não acústico.
Caixa de ovo pode ser usada para isolamento acústico?
❌ MITO. A caixa de ovo é outro exemplo de material que não serve como isolamento acústico. Caixas de ovos são materiais leves que não possuem peso significativo. Embora a ideia de que as caixas de ovos podem funcionar como materiais de isolamento acústico seja erroneamente difundida, o material está longe de possuir efeitos satisfatórios.
Um dos motivos para essa confusão sobre a sua eficiência acústica pode vir do aspecto e geometria das caixas de ovo. O layout é semelhante ao de materiais absorvedores do tipo “poroso”, comumente utilizados em estúdios, salas de cinema, auditórios, e outros.
O aspecto irregular da geometria dos materiais absorvedores do tipo poroso permite uma maior quantidade de poros, visando aumentar a área de absorção e o melhor direcionamento das ondas refletidas para a superfície do material. Mas ao contrário destes materiais absorvedores, a caixa de ovo não é um material puramente “poroso” pois é geralmente feito de papelão reciclado sem porosidade.
Saiba mais: Caixa de ovo acústica: verdade ou mito?
A Lei da Massa é a principal lei do isolamento acústico
✔️ VERDADE. Materiais que apresentam um desempenho melhor em termos de isolamento são os que têm bastante peso. Isso porque massas maiores diminuem a ocorrência de vibrações e a probabilidade de transmissão sonora pelo sistema de vedação. Ou seja, a principal lei do isolamento acústico é a Lei da Massa.
A Lei da Massa indica que cada vez que a espessura da parede é duplicada, o isolamento acústico do sistema – avaliado pelos valores da Perda de Transmissão (PT) ou do Índice de Atenuação Sonora (R) –, aumenta aproximadamente 6 dB. O desempenho do sistema melhora, sobretudo, para altas frequências nos casos de paredes com muita massa (peso).
Mas em muitos casos, dependendo do nível de isolamento que se deseja para um determinado sistema de vedação, a Lei da Massa esbarra em um problema sério associado às demandas do projeto arquitetônico. A Lei da Massa indica a necessidade de se duplicar a espessura da parede para aumentar o seu isolamento acústico, mas isso nem sempre é possível no espaço ocupado por pessoas ou outros fins, por conta dos limites do projeto.
A necessidade de otimização do espaço físico ocupado pela parede, e dos custos, demanda alternativas construtivas para evitar o uso de paredes muito espessas e pesadas.
Leia mais: Isolamento acústico – Lei da Massa
Lã de vidro e lã de rocha se equivalem?
DEPENDE DO PROJETO. Os dois materiais têm propriedades similares, mas a escolha por um ou outro depende dos objetivos do projeto.
Tanto a lã de vidro quanto a lã de rocha têm como princípio de funcionamento materiais que são como pequenos bastões que acabam vibrando uns sobre os outros. Por conta dessa vibração, os bastões vão transformando a energia acústica em energia vibracional e por fim em térmica – que acaba se dissipando. A lã de PET tem um desempenho bem similar ao da lã de vidro em sistemas de drywall por exemplo, já a lã de rocha é um pouco melhor, mas dependendo da densidade o coeficiente de absorção muda e o sistema como um todo pode ter um comportamento distinto em algumas frequências.
Se os dois materiais tiverem a mesma densidade (quantidade de fibras) o resultado vai ser bem similar. Mas a densidade não é o único fator que vai influenciar o seu projeto. Como a lã de rocha ou a lã de vidro ficam dentro de um espaço vazio (gap) – entre uma parede dupla, ou entre o forro e a laje – esses materiais também precisam possuir propriedades anti-chama.
Nesse sentido, a lã de rocha é a opção mais adequada, uma vez que o material chega até 900° C sem se deteriorar. Por conta disso, a lã de rocha pode ser utilizada até em ambientes industriais, como caldeiras. Por outro lado, a lã de rocha vai se deteriorando mecanicamente com o tempo e acaba soltando seus bastonetes.
Já a lã de vidro aguenta até temperaturas um pouco mais baixas, mas a densidade vai dar um resultado similar. Dentro de um sistema de drywall, a lã de vidro apresenta desempenho, em geral, cerca de 3dB menor que o da lã de rocha, mas essa diferença não é perceptível em termos auditivos para muitas pessoas.
Lã de rocha perde eficiência quando ensacada?
❌ MITO. Em ambientes úmidos, insalubres ou que tenham variações de temperaturas grandes, é comum que a lã de rocha seja ensacada para evitar uma deterioração mais rápida do material.
Ensacar a lã, no entanto, não altera o desempenho acústico do revestimento. Uma mudança de desempenho acústico poderia ser notada, sobretudo para o agudo, caso a lã de rocha ensacada estivesse exposta ao ambiente. Mas como esse não é o caso de uso, o material fica escondido e é usado principalmente para atenuar graves, então a presença de uma pequena película de plástico não vai fazer diferença.
Preciso contratar um profissional especializado em acústica para o meu projeto?
✔️ VERDADE. Ter um profissional capacitado ao seu lado é primordial para qualquer projeto – não só de acústica, mas qualquer projeto de engenharia. Isso porque contratar um profissional que tem know-how na área e está credenciado junto ao CREA confere muito mais segurança e eficiência ao seu projeto.
Além disso, outra garantia pode ser obtida por meio da Anotação de Responsabilidade Técnica, que é o instrumento em que o profissional registra as atividades técnicas realizadas em cumprimento ao contrato (escrito ou verbal) que foi estabelecido.
Um problema aqui, no entanto, é que o cliente nem sempre tem conhecimento ou alguém de seu corpo técnico que possa estabelecer os critérios de aceite e fazer uma avaliação final. Nesses casos, a importância de contar com um profissional capacitado é ainda maior, uma vez que o projeto estará nas mãos dele.
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Vídeo: principais dúvidas de quem quer trabalhar com isolamento acústico
Para saber mais sobre essas e outras questões relacionadas a isolamento acústico, confira a gravação da da live que fiz recentemente para responder as principais dúvidas de quem quer trabalhar com isolamento acústico.
Aprenda mais sobre isolamento sonoro e outros aspectos da acústica
Vimos ao longo deste texto que o trabalho de isolamento acústico não se resume a escolha de materiais de revestimento e que a capacitação na área é fundamental para que o profissional possa elaborar seus projetos de acústica.
Para isso, é importante saber das atualizações e especificidades de normas técnicas como a NBR 10.151, a NBR 10.052, e a NBR 15.575, por exemplo. Além de conhecer os principais fundamentos e conceitos relacionados à acústica.
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